
Oficina com MC Mamuti debate história das batalhas de rima e formação cidadã
Encontro virtual promovido pela Prefeitura de Palmas reuniu artistas, juventude e lideranças do hip-hop tocantinense
As batalhas de rima não são apenas duelos de palavras, mas espaços de formação cidadã, ocupação do território e fortalecimento da identidade cultural. Essa foi uma das reflexões centrais da oficina ‘O Brasil Rima em Palmas -TO: batalhas, história e vivências’, realizada no domingo, 20, pela Prefeitura de Palmas, por meio da Secretaria Extraordinária de Igualdade Racial e Direitos Humanos (Seirdh), em parceria com a Organização do Estadual de Batalhas de Rima e apoio do Coletivo Somos.
O secretário extraordinário de Igualdade Racial e Direitos Humanos, José Eduardo de Azevedo, reforçou que o objetivo da Prefeitura é fortalecer a cena cultural local de forma contínua e participativa. “Queremos que as batalhas de rima façam parte das políticas públicas de juventude e cultura de Palmas. O hip-hop é um movimento que educa, transforma e cria oportunidades e o poder público precisa estar ao lado desses coletivos para construir caminhos de reconhecimento e valorização”, destacou.
A oficina
Conduzida pelo MC e apresentador Mamuti, o encontro virtual apresentou um panorama da história das batalhas – das origens no hip-hop norte-americano até a cena atual no Brasil – e destacou o papel do Tocantins na cena nacional, lembrando que o Estado participou pela primeira vez do circuito nacional em 2017.
Mamuti abordou momentos marcantes da trajetória do freestyle, como a influência do filme ‘8 Mile’, o impacto das batalhas do Real e de Santa Cruz, a ascensão de Emicida, o crescimento do Duelo de MCs em Minas Gerais e a chegada das batalhas ao YouTube. Também destacou o fenômeno das batalhas que ganharam projeção nacional, como a Batalha da Aldeia, e analisou como a espetacularização e as redes sociais transformaram o formato e a visibilidade do movimento.
Diversidade
Outro ponto de destaque foi a inclusão de gênero nas batalhas de MCs. Mamuti relembrou o histórico de ações afirmativas, os desafios enfrentados pelas mulheres e pessoas trans no circuito, e como iniciativas como o Estadual da Diversidade, criado em São Paulo, têm ampliado a participação desses grupos nas competições. “O combate ao preconceito e a construção de espaços seguros são fundamentais para o futuro do hip-hop”, reforçou.
Presente na atividade, a presidente do Conselho Municipal pela Promoção da Igualdade Racial de Palmas (Compir), Deborah Cristina, ressaltou a relevância da oficina como espaço de diálogo e construção de políticas públicas voltadas à juventude e à cultura urbana.
O encontro também contou com falas de representantes da cena tocantinense: integrante do Coletivo que realiza as Seletivas Estaduais no Tocantins, Kelly Ferreira agradeceu a oportunidade de troca com MC Mamuti; a jornalista Jaqueline Moraes destacou a importância das batalhas como espaços de reflexão e fortalecimento da cultura, especialmente para as mulheres; e o DJ Rafael DallagBeats compartilhou sua trajetória no movimento e a experiência de atuar como DJ nas batalhas locais.
O evento foi encerrado com a expectativa de novas ações conjuntas entre a Seirdh, coletivos e artistas da cena hip-hop, consolidando a oficina como um espaço de aprendizado, trocas e fortalecimento da cultura urbana em Palmas.
Texto: Kaio Costa
Edição: Iara Cruz
