
Fórum reúne rede de proteção em debate sobre estratégias de combate ao trabalho infantil
Programação acontece durante todo o Dia Mundial de Combate, comemorado nesta terça-feira, 12
Feiras, oficinas, shows, praias e comércio de rua são exemplos de
cenários onde a exploração do trabalho de crianças e adolescentes ainda
acontece. O que representantes da rede de proteção de direitos da criança e
adolescentes explicam é que o empenho na erradicação do trabalho infantil busca
o cumprimento da lei para proteção de crianças e adolescentes contra a
exploração e ausência de garantias.
O depoimento do adolescente M.V.B., de 15 anos, é de que “fazia de tudo”
durante os dois anos em que ele trabalhou informalmente em uma banca de frutas
em feira popular da Capital, exemplifica bem isso. Sem garantias, sem proteção,
sem remuneração adequada, ele foi sido identificado pelo Programa de
Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) em Palmas e hoje agradece aos
profissionais do Peti por terem lhe garantido a oportunidade de trabalho
adequada.
O adolescente agora está inscrito como jovem aprendiz em loja
especializada em materiais para construções da Capital. “Lá aprendi que se
organiza um estoque por ordem alfabética. Tenho um supervisor e acho que isso
tudo vai servir para conseguir oportunidades melhores no futuro”, disse, o
garoto que cursa o 9º ano do ensino fundamental na Escola Estadual Liberdade,
no Jardim Aureny III.
O agradecimento do jovem abriu os debates do Fórum Intersetorial de
Combate ao Trabalho Infantil, que acontece em Palmas, no auditório do Parque da
Pessoa Idosa, desde a manhã desta terça-feira, 12, Dia Mundial de Combate ao
Trabalho Infantil.
Participam representantes da rede de proteção de direitos da criança e
do adolescente e parceiros do programa Peti. A programação discute o tema
“Piores formas: não proteger a infância é condenar o futuro”. Pela manhã, foram
discutidos os tipos e consequências de trabalho infantil e os eixos de atuação
e experiências do programa através do Sistema Único de Assistência Social
(Suas). A partir das 14 horas há mesa-redonda e palestra sobre estratégias de
combate ao trabalho infantil e educação integral como instrumento de
erradicação do trabalho infantil.
O que diz a lei
O coordenador do Peti em Palmas, Valdeir Ferreira, explica que para se
combater o trabalho infantil ainda é preciso combater o entendimento cultural
da exploração do trabalho infantil. “Ainda há pessoas que confundem tarefas
domésticas com obrigação de trabalho ou trabalho forçado. O que a lei diz hoje
é de que até 13 anos é proibido todo tipo de trabalho. Entre 14 e 15 anos é
permitido o trabalho enquanto aprendiz conforme a Lei do Aprendizado. A partir
dos 16 anos o trabalho remunerado é permitido, desde que resguardadas as
exceções previstas em lei, como trabalho noturno ou com máquinas”, esclareceu
Ferreira.
Em Palmas, segundo o coordenador do Peti, a oferta de educação integral
por 17 escolas municipais é uma forte estratégia para combate à exploração do
trabalho infantil. “Oferecer educação integral dificulta a criança ser
envolvida nesse contexto de trabalho irregular, especialmente no campo, onde já
temos todas as nossas escolas em regime de tempo integral”, completa Ferreira,
citando a importância do trabalho da educação municipal de orientação nas
escolas.
Fórum
A promotora de Justiça Zenaide da Silva frisou que o trabalho infantil
impacta de forma muito negativa na vida da criança e adolescente sob esse
contexto. “Todos precisam enxergar que o trabalho infantil pode trazer
consequências graves para o futuro da sociedade por isso é um cenário que
carece de atenção de toda sociedade”, completou o juiz da Infância e Juventude,
Frederico Paiva, na ocasião.
A secretária municipal de Desenvolvimento Social, Valquíria Rezende,
agradeceu as entidades e órgãos parceiros do Peti. “As marcas são profundas
quando se perde o direito de viver a infância. Por isso, nosso dever é maior do
que cumprir o que está na lei. Todas as forças dedicadas a essa luta estão
afinadas para garantir uma política mais uniforme. Porque esse assunto envolve
uma luta contra o jeitinho brasileiro e contra a falácia de que tudo isso não
acontece por aqui”, frisou Valquíria.
Denúncias de crianças e adolescentes sob contexto de exploração do
trabalho podem ser feitas pelo Disque 100. A identidade do denunciante é
preservada.
Parceiros e rede de proteção
O fórum é uma iniciativa da Prefeitura de Palmas, através da Secretaria
de Desenvolvimento Social (Sedes). Entre os parceiros do Peti, que participam
do fórum, estão o Juizado da Infância e Juventude, o Corpo de Bombeiros, a
Polícia Militar, o Ministério Público do Trabalho (MPT), o Ministério Público
Estadual (MPE), a Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social
(Setas), a Secretaria Municipal de Saúde (Semus), o Centro de Referência Especializado
em Assistência Social (Creas), a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional
Tocantins (OAB-TO), Conselhos Tutelares de Palmas, Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial (Senac), a Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção
Social e Integração (Renapsi), o Fórum Tocantinense para a Prevenção e
Erradicação do Trabalho Infantil e Promoção da Aprendizagem (Fetipa), etc.
(Edição e postagem: Lorena Karlla)