Os programas de residências médicas e multiprofissionais desenvolvidos pela Fundação Escola de Saúde Pública de Palmas (Fesp) objetivam não só contribuir para a formação dos profissionais que passam pelos programas, mas instigar esses profissionais a ter um olhar transformador a ponto de propor mudanças com foco na melhoria do serviço prestado à população.

A fisioterapeuta Renata de Freitas Silva é exemplo de residente transformadora. Durante os anos de 2015 e 2016, foi residente em Saúde Coletiva e recentemente teve seu projeto de conclusão publicado numa das mais conceituadas revistas da área de pesquisa em saúde, a Revista Tempus da Universidade de Brasília (UnB). Com o título “A Vigilância nos Ambientes e Processos de Trabalho em Palmas – Tocantins: Diagnóstico Situacional e Contribuições ao setor”, o projeto de Renata, que teve como orientadora e preceptora a fonoaudióloga Betânia Moreira Cangussu Fonseca, faz uma contextualização do Núcleo de Saúde do Trabalhador e propõe a sistematização dos processos.

Para Renata, hoje especialista em Saúde Coletiva, com o atual cenário em que se encontra o País quanto às discussões em torno de direitos trabalhistas, faz-se cada vez mais necessário o fortalecimento de núcleos que promovam a fiscalização. “Com a precarização do trabalho, a saúde do trabalhador é cada vez mais importante. É um serviço previsto na Constituição Federal, mas que até hoje os municípios não têm implantado. Palmas tem o Núcleo de Vigilância em Saúde do Trabalhador desde 2014, que está atuando mesmo sem recursos federais”, pondera.

Entre os principais problemas identificados no projeto estão: ausência de recursos federais, o que acaba inviabilizando algumas ações, equipe reduzida, a falta de articulação entre os membros da equipe e a inexistência da Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador (Cist). “Isso fragiliza as ações porque não existe respaldo desse serviço, nos deixando sem resguardo”, ressalta Renata informando que o Núcleo é composto por dois setores: epidemiologia e vigilância em ambientes e processos de trabalho. “Dentro da própria saúde do trabalhador existia um pouco de falta de comunicação por serem dois setores. Aí foi criado um formulário próprio de encaminhamento interno, porque era um serviço um pouco informal. Com esses formulários houve uma sistematização, algo mais palpável, agora o profissional preenche o formulário e encaminha para o serviço. E foram criados também os fluxos de entrada e saída, que são os fluxos das denúncias que chegam e como são respondidas”, destaca.

A fisioterapeuta que este ano conclui mais uma especialização pela Fesp, em Saúde da Família e Comunidade, está orgulhosa com a publicação na Revista Tempus. “Esse trabalho ser publicado, só mostra o quanto a saúde de Palmas vem melhorando. É resultado de todo um empenho que se teve com a residência sendo implantada em Palmas, abrindo-se portas para que esse tipo de trabalho acontecesse, porque o residente é inserido no campo de prática, mas com olhar diferenciado, de mudança, de inovação. É um ganho tanto para mim quanto profissional quanto para a residência em si porque é um produto desse trabalho, bem como contribui para o setor de saúde do trabalhador municipal”, conclui.

(Edição e postagem: Iara Cruz)

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