
Fundamentais para o atendimento aos usuários do SUS , agentes de saúde da Capital falam sobre as alegrias e desafios da profissão
No Dia Nacional do Agente Comunitário de Saúde, os agentes Edileusa Lima, Januário Dias e Rosa Odete contam como é o dia a dia da profissão
Todos já sabem que, na área da saúde, Palmas tem 100% de cobertura na Atenção Primária. O que nem todo mundo sabe é que existe um profissional fundamental para
que a assistência ao usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) de fato aconteça.
Esse profissional é o Agente Comunitário de Saúde, que tem uma data dedicada só
para ele, dia 4 de outubro, Dia Nacional do Agente Comunitário de Saúde. E para
celebrar a data, três desses profissionais que atuam na Capital falam do amor e
dedicação com que exercem seu papel promovendo saúde e prevenção junto à
comunidade.
No
Centro de Saúde da Comunidade (CSC) Loaine Moreno (Arse 24), por exemplo, uma
das quatro equipes de Saúde da Família, conta com a agente Edileusa Lima Nunes,
39 anos, 14 deles se dedicando aos usuários do SUS. Ela, que também é membro do
conselho de saúde local, tem sob sua responsabilidade 602 usuários, o que equivale
a 204 famílias, visitadas por ela com frequência. “O trabalho do agente é 100%
prevenção e promoção, ele facilita o dia a dia do paciente, principalmente na
comunidade, ele leva informação, educação em saúde, tira dúvidas. O agente
comunitário de saúde é uma peça muito importante dentro do quadro da saúde”,
afirma Edileusa.
A
relação com os demais profissionais que compõem a equipe de Saúde da Família é
vista por Edileusa como “relação de parceria”, não sendo possível andar
separados. “O agente entra na casa da família, conhece as especificidades da
família e o médico está no consultório, considerando que ele também faz visita
domiciliar de acordo com a necessidade do paciente, mas quando o paciente
conversa com ele no consultório e depois o médico conversa com o agente de
saúde que reforça as recomendações médicas, na próxima consulta já há um
vínculo maior daquele paciente com o médico e com o agente. Essa ponte é
fundamental para o paciente e para o médico”, considera.
O
CSC Liberdade (Jardim Aureny III) também conta com um agente comunitário de
saúde dedicado. Para ele, não tem final de semana e nem feriado para sair de
porta em porta, visitando a comunidade. Como ele mesmo diz: “Eu gosto de
trabalhar.” Aos 50 anos, 18 deles atuando como agente, ele conta como é sua
rotina. “Faço visita domiciliar, acompanho os usuários hipertensos, diabéticos,
as gestantes e os bebezinhos, e ainda olho o quintal para ver se não tem um
criadouro propício para o Aedes aegypti. Trabalho a prevenção, porque ninguém
gosta de ficar doente”, conta ele, que está sempre atento, quando surge um
morador novo na região em que atua, trata logo de cadastrá-lo no sistema E-Sus.
“O agente de saúde é parceiro do usuário, é aquele que facilita o acesso dele
ao centro de saúde, faz o cartão da família e do SUS e repassa as demandas dos
usuários para o médico. Gosto demais do que faço”, conclui Januário Dias, que
tem sob sua responsabilidade 133 famílias, quase 400 pessoas.
Saúde Rural
A
área de atuação do CSC Valéria Martins (Arse 122) contempla também a região de
chácaras Baixo Tiúba, que há três anos conta com a agente comunitária de saúde
rural, Rosa Odete da Costa. Rosa conta que quando saiu o edital do último
concurso da Semus e viu que tinha vaga para ser agente de saúde rural, logo se
identificou, fez a inscrição e conquistou a única vaga que tinha. “Eu sou filha
de produtor, nasci na roça, gosto demais da área de agricultura e de saúde,
áreas que me identifico bastante”, diz Rosa, que tem ciência do que o usuário
do SUS da zona rural de fato entende por saúde.
“Saúde
para eles é conquistar seu pedaço de terra, plantar e sobreviver daquilo. Eles
exigem muito pouco da gente, até porque não estão na cidade todo dia, não estão
neste mundo globalizado igual ao paciente da cidade. E eu tento que mostrar
para a gestão que a saúde rural deve ser vista de uma forma muito especial”,
ressalta a agente, destacando que as demandas do campo são diferentes da
cidade.
“Os
acidentes são outros, você não vê um morador da roça se acidentar de carro, o
acidente dele é picada de escorpião, de cobra, queimadura, exposição ao sol,
uma vaca que pega, cair de uma árvore para cortar alguma coisa, ser envenenado
com agrotóxico”, relata Rosa que conta com a parceria das secretarias de
Desenvolvimento Rural, do Desenvolvimento Social e da Fundação Meio Ambiente
para levar mais conhecimentos para as 123 famílias da região, cerca de 600
pessoas. “Se eu levo o agrônomo ele ensina a não usar veneno; o meio ambiente
fala para não fazer queimadas, não degradar o meio ambiente. Tudo isso
contribui também para a saúde deles.”
Rosa ressalta ainda que o paciente rural tem dificuldade de entender o que é prevenção e de tomar remédio. “Eles querem tomar remédios à base de plantas medicinais. E, como presidente do conselho local de saúde, estou tentando fazer uma horta comunitária justamente para isso, para valorizar o conhecimento do paciente rural que tem outra visão de saúde, que deve ser respeitada sem perder o vínculo com o centro de saúde”, conclui.
Edição: Iara Cruz