31 maio 2017 às 11:08

Tabagismo: A saga de quem luta para vencer vício

Parar de fumar não é fácil, mas é possível. Garantem os profissionais da Secretaria Municipal de Saúde (Semus) que já há algum tempo auxiliam pessoas a largar o cigarro e a ter uma vida longe do tabagismo. Nesta quarta-feira, 31, é comemorado o Dia Mundial Sem Tabaco, e o tema escolhido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é “Tabaco: uma ameaça ao desenvolvimento”.

 

Em Palmas, existem três unidades que trabalham diretamente com grupos de tratamento do tabagismo: o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas (CAPS AD III) que tem um grupo voltado aos pacientes em tratamento no próprio local; o Centro de Saúde da Comunidade da Arso 41, com reuniões acontecendo no Parque do Idoso, uma parceria efetiva realizada com a Secretaria do Desenvolvimento Social desde 2016; e o Centro de Saúde da Comunidade da Arno 71, cujas reuniões acontecem em uma igreja próxima ao CSC.

 

“Entre os anos de 2016 e 2017 já participaram desses grupos um total de 42 usuários. Destes, 38% cessaram totalmente o fumo e 19% reduziram a quantidade de fumo diário consumido”, reforça a coordenadora de Promoção da Saúde e Fatores de Risco e do Programa de Controle do Tabagismo de Palmas (ambos desenvolvidos pela Semus), Nadja Figueiredo, adiantando que a expectativa é que até o final do ano, seja criado um grupo em cada um dos oito territórios de saúde.

 

Um exemplo é o vendedor de veículos Sandro Guerra, 45 anos, que fumou durante 30 anos, mas após fazer o tratamento ano passado, deixou de fumar e garante que é em definitivo. “Comecei a fumar por volta dos 15 anos, seguindo o exemplo do meio pai, achava a coisa mais linda ver ele fumando”, conta Guerra, que decidiu parar de fumar por sentir os danos causados pelo cigarro; ele fumava de duas a três carteiras por dia.

 

“Estava me prejudicando, já sentia vários sintomas decorrentes do tabagismo, cansaço, falta de fôlego, e também a pressão porque hoje em dia o fumante é excluído. Em casa também era o único fumante, mas nunca me influenciaram a nada, partiu de mim mesmo. Acho que quando você quer parar não é ninguém que vai te dizer. Já tinha largado uma vez num período curto, mas não estava determinado a largar, agora é definitivo”, garante ele, que está há sete meses sem fumar.

 

Iniciando o tratamento

 

Na última quinta-feira, 25, um novo grupo iniciou o tratamento no Parque do Idoso. Entre eles, estão Marlene Conceição de Oliveira, 52 anos, e Pedro de Castro Araújo, 65 anos, que fuma há de 40 e 50 anos, respectivamente. “Comecei a fumar aos nove anos porque todo mundo fumava, comecei escondido, mas logo todos já sabiam. Já tentei largar várias vezes inclusive com medicação, deixava de comprar porque daí não teria o cigarro para fumar, mas aí quando eu procurava o cigarro e não achava me dava um desespero. Fumo duas carteiras por dia. Vou me esforçar pra largar, mas é muito difícil”, desabafa a dona de casa Marlene, que mora no Jardim Aureny IV.

 

O senhor Pedro conta que já tentou parar de fumar sozinho, mas agora buscou ajuda para não dar mau exemplo aos netos. “Já joguei carteira fora e fui buscar. Papai fumou uns 50 anos e conseguiu largar, morreu aos 95 anos longe do vício e sempre dizia que é falta de vergonha não conseguir parar. Tenho esperança de um dia conseguir, tenho netos e não fumo perto deles para não dar mau exemplo”, afirma senhor Pedro que fumava até três carteiras de cigarro por dia, mas há 30 dias iniciou o tratamento e já faz uso de adesivo.

 

Metodologia

 

O trabalho no Parque do Idoso é coordenado pelo médico de saúde da família, Álvaro Ferreira da Silva. Foi iniciado em 2016 com dois grupos e nesse ano já foram formados cinco grupos.  O tratamento é feito em quatro sessões, uma vez por semana, que dura em torno de uma hora, e mais duas sessões de reforço a cada 15 dias após dessas quatro. Depois os pacientes ainda têm acompanhamento por mais seis meses. Os pacientes usam antidepressivo específico, adesivos, chicletes e balas.

 

“A gente não desiste do paciente, o tabagismo está aí para viciar as pessoas e a gente está na contramão para desviciar. É muito difícil largar, mas a porcentagem de sucesso aqui no grupo é de 65%. Então a pessoa se conscientizar que sem fumar vai ser melhor é muito difícil. Mas não é impossível. Fumar não é natural”, ressalta o médico.

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