
Palmas busca enfrentar doenças da mente estruturando a Rede de Atenção Psicossocial
O primeiro passo para a estruturação da
Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) na Capital foi dado nesta quarta-feira, 26,
com a realização do I Fórum de Integração dos Serviços de Saúde Mental de
Palmas, que aborda o o tema “Depressão e Violência Auto-provocada”. Pela manhã,
o auditório do Ceulp/Ulbra foi palco de uma mesa redonda com especialistas que
trouxeram um panorama de como os problemas de saúde mental são enfrentados em
Palmas, no Brasil e no mundo, propondo soluções e modelos que podem ser
seguidos pela Secretaria Municipal de Saúde quanto à estrutura desejada.
No período da tarde, os profissionais
convidados, divididos em grupos, discutem as necessidades de enfrentamento para
estruturação da rede.
O secretário de Saúde, Nésio Fernandes,
destacou que o fortalecimento da RAPS é necessário para que o Sistema Único de
Saúde (SUS) da Capital possa oferecer um diagnóstico rápido e o tratamento
adequado para aqueles que passam por alguma doença da mente como a depressão.
“Hoje vivemos um desmonte do SUS, temos decisões políticas que adoecem e
deprimem as pessoas. Então temos um caminho longo pela frente, o primeiro passo
começa aqui. Estruturar a rede de atenção psicossocial é necessário sim, mas é
necessário o envolvimento de todos, pois precisamos que todos os serviços de
saúde estejam integrados”, destacou.
Mesa redonda
Bem franco em sua abordagem, o
coordenador geral de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas do Ministério da
Saúde, Quirino Cordeiro Júnior, ressaltou que o Brasil pouco avançou desde que
a Organização Mundial de Saúde (OMS) elaborou o Plano de Ação de Saúde Mental
(2013-2020), do qual o País é signatário. O plano tem como meta reduzir em 10%
os casos de suicídio no mundo. “No Brasil nenhuma ação efetiva do Governo
Federal foi feita e as taxas de suicídio estão aumentando. No entanto, hoje o
Ministério busca esse enfrentamento e acredito que até setembro deste ano, nós
tenhamos o Plano Nacional de Prevenção ao Suicídio consolidado. Por isso, é
importante essa discussão aqui em Palmas que busca essa estruturação da RAPS. Precisamos
refinar o atendimento e sanar os problemas para que a rede funcione e o usuário
tenha o tratamento adequado”, destacou Cordeiro, que assumiu a coordenação da
área em fevereiro deste ano.
O psiquiatra e médico de Saúde da
Família, Flávio Dias, que também participou da mesa redonda defende que haja
uma atenção maior para as crianças e adolescentes. “Não tem como falar em
depressão e não pensar na carga dos adultos que recai sobre a criança. Isso
serve para os problemas com alcoolismo, o tabagismo, a depressão”, elencou o
psiquiatra, ressaltando que em todo o país deveria existir 20 mil Centros de Atenção
Psicossocial Infantil, mas na realidade existe apenas 200.
O enfermeiro Domingos Oliveira sobre o
processo de trabalho em saúde mental e a atenção à depressão e violência
auto-provocada. “A OMS estima que em 2020, a depressão seja a maior causa de adoecimento
no mundo. Eu não concordo, pois eu acredito que já é, e por isso, precisamos
ter um olhar diferente quanto a essa doença”, disse.
União dos profissionais
Edileusa Lima Nunes é agente
comunitária de Saúde e defende que todos os profissionais que atuam nos Centros
Comunitários de Saúde conheçam a realidade do seu paciente. “Só vamos combater
os problemas de saúde mental quando conhecermos a realidade do paciente. Há uma
diferença muito grande entre o profissional que vai na casa e o que apenas
recebe o paciente no consultório. Quando se conhece a realidade daquele
paciente, o profissional passa a ter um olhar diferente. Vamos visitar mais,
conhecer a realidade dos usuários do SUS”, destacou a agente que atua no CSC
Loiane Moreno (210 Sul).
A psicóloga e gerente de Saúde Mental
da Semus, Dhieine Caminski, finalizou dizendo que uma das grandes preocupações
nessa busca pela estruturação da RAPS, além de obter um diagnóstico preciso dos
problemas de saúde mental que acometem a população, é também o envolvimento de
todos os profissionais, inclusive com mais investimentos e capacitação. “Hoje
se inicia um processo importante de articular a rede. Temos que sair dos muros
e discutir com a sociedade os problemas de saúde mental por ela enfrentados”,
concluiu Dhieine.