Inaugurado em 08 de junho de 2015, o Museu Escola de Buritirana conta com um espaço restaurado dentro da unidade educacional, com parte de sua originalidade preservada, inclusive as paredes de adobe, muito utilizado no século XX. O objetivo do museu é contar a história da primeira escola da comunidade, seus avanços, suas conquistas, em função da preservação da trajetória educacional, cultural, política e social da região.

Dona Maria de Nazaré Batista, 56, chegou a Buritirana aos 11 anos em 1972, na época a comunidade pertencia a cidade de Porto Nacional, antigo norte goiano. Pioneira da região, ela foi alfabetizada pelo professor Luiz Nunes de Oliveira, um dos mais importantes pioneiros, homenageado com o nome da escola e do museu criado para preservar a história local.

“Ele ensinava da 1ª a 4ª série todo mundo junto na mesma salinha, naquele tempo, menino respeitava professor até mais que os pais, hoje eu acho muito estranho o desrespeito do aluno com o educador. Se não fosse ele [Luiz Nunes] eu não saberia ler”, conta dona Nazaré.

Conhecida por toda sua história em Buritirana, dona Nazaré hoje é servidora na escola. Ela passeia pelo museu, revive histórias e se diverte contando casos dos objetos em exposição no acervo.

De acordo com professor Samuel Marcos Souza, 38, curador do museu, muitas peças no acervo são doações de antigos moradores que colaboram intensivamente com a riqueza do local. “Todos nós fazemos parte dessa história, alunos, professores e colaboradores. Foi um desafio para mim, fiz até curso a distância para ter uma formação necessária e especialização sobre conservação dos acervos”.

A estudante Kaline dos Santos Ribeiro, 12 anos, é tataraneta de Benjamin Alves Pinto, que, segundo a história, foi o fundador do distrito e responsável pelo convite para Luiz Nunes lecionar na região. Ela sente-se orgulhosa pela importância de sua família para a comunidade. “Tudo o que tem aqui hoje partiu dos pioneiros e minha família fez parte dessa história, inclusive na construção dessa escola”.

Já a aluna Alice dos Reis Lopes, 14 anos, conheceu a história de Buritirana por meio do museu. “É fundamental para a história da comunidade, pois é memória viva. Além de Luiz Nunes, também revive a história dos pioneiros e a luta para poder surgir a escola”.

Pelo o que contribuiu com o ensino, Luiz Nunes até hoje é considerado um dos grandes líderes em prol da educação. “Ele também era religioso, trazia o padre, fazia casamento, batizado…”, completa dona Nazaré.

Luiz Nunes de Oliveira

Natural do município tocantinense de Pedro Afonso,  Luiz Nunes nasceu em 19 de agosto de 1930. Era filho dos lavradores Tiago Nunes dos Reis e Marcília Borges de Oliveira. Conta os historiadores da região, que desde a adolescência possuía o dom de ensinar, e fazia isso nas fazendas orientando filhos dos agricultores da região.

Chegou a Buritirana em 1962, a convite de Benjamin Alves Pinto, fundador do distrito, para lecionar na comunidade. A primeira sala de aula funcionou durante todo o ano de 1962 na sede da fazenda Buritirana. Em 1963, foi construído pelos lavradores um novo espaço, que foi utilizado até 1990.

Além de professor, Luiz Nunes trabalhava na roça e desenvolvia um trabalho social com a comunidade. Exerceu sua função de educador nesta escola até o final de 1982. Em 1983 mudou-se para Porto nacional, onde viveu até sua morte, em 07 de janeiro de 1987.

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