19 fevereiro 2009 às 01:56

Aterro Sanitário de Palmas é considerado modelo nacional

Criado em 21 novembro de 2001, o Aterro Sanitário de Palmas é uma referência nacional. O projeto é um dos poucos da região Norte que atende as especificações ambientais exigidas pela legislação vigente, tendo sido construído com concepções do que há de mais moderno a respeito de novas tecnologias aplicadas a esse tipo de instalação no mundo.


 


A manta geomembrana de Polietileno de Alta Densidade (PEAD) que foi utilizada no aterro tem durabilidade de 100 anos antes de começar a se decompor, evitando assim a contaminação do solo pelo chorume, considerado 100 vezes mais contagioso que o esgoto doméstico. O chorume é o líquido gerado pela decomposição do lixo domiciliar.


 


Ao contrário do que acontece em muitas cidades do país, o lixo recolhido em Palmas não é jogado a céu aberto, o que caracterizaria um “lixão”. No Aterro Sanitário da Capital, o lixo é separado por classes, dividido em doméstico, hospitalar e de construção, recebendo todo o tratamento exigido pelas normas de saúde ambiental.


 


Para que não haja contaminação do solo e da água todos os cuidados são tomados diariamente, além da realização de estudos periódicos. Segundo o secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos, Jair Júnior, está sendo feita uma nova análise para comprovar as anteriores, que constataram a não contaminação do solo e da água no entorno do aterro.


 


Histórico


Em 27 de junho de 2002, de acordo com matéria publicada pela Gazeta Mercantil, o aterro já era considerado modelo para o Tocantins. No ano passado, no mês de outubro, durante o IX Seminário Nacional de Resíduos Sólidos, realizado no Campus da Universidade Federal de Palmas, especialistas de todo o país ficaram admirados com a estrutura e o funcionamento do Aterro Sanitário de Palmas.


 


“O fato de não existirem pessoas vivendo no aterro e nem a existência de catadores no local, prática comum nos ‘lixões a céu aberto’ dos grandes centros do Brasil, foi o que mais impressionaram os especialistas”, lembrou o engenheiro responsável pelo aterro de Palmas, o lixólogo João Marques. Para ele, o aterro também é um referencial na área de educação ambiental, pois frequentemente é visitado por alunos que cursam desde a pré-escola ao ensino universitário, e até mesmo por alunos e pesquisadores de outras cidades do Estado interessados em conhecer a tecnologia utilizada no tratamento do lixo.


 


Transferência


A transferência do aterro para a proximidade do Assentamento São João foi oficializada por uma portaria do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), porque o antigo local onde o lixo da Capital era controlado foi inundado com a construção da barragem da Usina Hidrelétrica de Lajeado no Rio Tocantins. Em março de 2008, foi realizado um trabalho em conjunto com assistentes sociais do Ministério Público Federal e Estadual e do Incra, juntamente com a associação dos assentados, onde se estabeleceu que, das mais de 80 famílias assentadas, apenas quatro famílias foram realmente impactadas com a implantação do Aterro Sanitário de Palmas e deveriam receber indenização para sair do local.


 


Segundo o procurador geral do Município, Antônio Luiz Coelho, a Prefeitura de Palmas já cumpriu o seu papel em indenizar as famílias atingidas. “Por não serem proprietários do local em que moravam, já que a região é um assentamento, cada família recebeu indenização por danos morais e foi estipulado um prazo para saírem do local”, explica ele.


 


Localização


Ao contrário do que acontece em muitas cidades que tem seus aterros sanitários no centro urbano, o de Palmas fica a 26 km do centro da cidade e nenhum morador reside a menos de 1 km do aterro. Isso representa mais de 300% a distância mínima exigida por resolução do Conama, que é de 300 metros.


 


Dos aproximadamente 10 hectares iniciais, hoje o Aterro Sanitário de Palmas conta com 53 hectares e, em média, são depositados por dia 150 toneladas de lixo no local. Em épocas de festas, como no carnaval e final de ano, esse valor chega a 250 toneladas/dia. Para minimizar o odor comum produzido nos aterros, a Prefeitura plantou eucaliptos nos arredores, construindo uma barreira de contenção.


 


Processo do lixo


Ao chegar ao aterro, o lixo é pesado e encaminhado para o destino adequado. Se for doméstico, ele vai direto para as chamadas trincheiras, se for de construção, o resíduo vai para outro depósito, e se for hospitalar vai para uma vala exclusiva.


 


O lixo doméstico que é encaminhado às trincheiras é compactado e coberto com argila a cada metro de espessura do lixo. O revestimento serve para evitar vetores, como baratas, insetos e pássaros.


 


Já os resíduos provenientes de construções são reaproveitados no patrolamento de estradas vicinais ou na cobertura das trincheiras do lixo doméstico. O lixo hospitalar, recolhido duas vezes por dia em Palmas, é despejado em valas especiais e todos os dias é coberto por argila.


 


Como são feitas as valas


O Aterro Sanitário de Palmas tem três trincheiras para depósito de lixo doméstico com 60 metros de largura, 180 metros de comprimento e 2,5 metros de profundidade. Primeiramente são escavadas e revestidas com manta de PEAD (Polietileno de Alta Densidade). Com vida útil de 100 anos, a manta serve para não deixar que o chorume contamine o solo. Mas, segundo o engenheiro civil e lixólogo João Marques, devido ao solo do aterro a manta não era necessária, já que o solo é argiloso e dificulta a percolação do chorume, mas a capa foi colocada preventivamente. Quanto às valas específicas para o lixo hospitalar, também são escavadas e tem profundidade de 2,5 metros e revestidas pela manta de PEAD.


 


O tratamento do chorume


Os drenos para a captação do chorume foram colocados no fundo das trincheiras, antes da manta de PEAD, para transportar o líquido às lagoas anaeróbicas. O chorume é tratado por três dessas lagoas, que são interligadas por vasos comunitários e, após ser purificado, é lançado ao solo.