28 agosto 2019 às 14:57

Agosto Verde: sucesso da produção de abelhas sem ferrão depende no manejo adequado

Aula prática no Dia Técnico sobre Agroecologia ensinou como multiplicar enxames e peculiaridades dessa cultura


O interesse pela meliponicultura, produção das abelhas sem ferrão, tem crescido no Brasil, e principalmente em estados com clima mais quente, como o Tocantins. Assim como outras atividades voltadas para a produção de alimentos, o conhecimento técnico é essencial para que se obtenha bons resultados e lucratividade, tudo aliado a preservação do meio ambiente. Com esse intuito, a Prefeitura de Palmas, por intermédio da Secretaria de Desenvolvimento Rural de Palmas (Seder), realizou na manhã desta quarta-feira, 28, o Dia Técnico sobre Agroecologia, na Escola de Tempo Integral (ETI) Fidêncio Bogo, em Taquaruçu Grande.



O evento contou com a presença de produtores rurais, representantes de entidades ligadas ao homem do campo, estudantes dos cursos de Engenharia Agronômica do Centro Universitário Católica do Tocantins e Instituto Federal do Tocantins (IFTO), técnicos do Ruraltins e representantes do Centro Universitário Luterano de Palmas (Ceulp/Ulbra).

 


O técnico em agropecuária do Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins (Ruraltins), Wandro Gomes Cruz, apresentou todas as peculiaridades para a criação das abelhas sem ferrão, com orientação sobre a estrutura da caixa que abriga as abelhas; cuidados com os alimentos que elas consomem (flores); macetes para combater as principais ameaças, a exemplo da lagarta, mosca e cupim; e os desafios que os produtores enfrentarão. “A meliponicultura já era praticada pelos povos nativos da América Latina, em especial no Brasil e México. É uma atividade extremamente prazerosa com diversas vantagens em relação a apicultura: as abelhas sem ferrão não são tão nocivas quanto ao manuseio, exigem menor esforço físico para o produtor, o mel chega a ser cinco vezes mais caro que os das abelhas com ferrão”, explica o técnico.


Ainda de acordo com Cruz, outra peculiaridade que facilita o manejo é o fato de que as rainhas não voam para outros locais, portanto a migração dos enxames não será uma preocupação. “Elas podem até ser criadas em casa e dispensam o alto investimento com material técnico como macacão, fumegador, centrífuga, dentre outros”, complementa. 


As espécies mais cultivadas no Tocantins são a tiúba, uruçu amarela, uruçu preta, jataí, tubi manso e tubi bravo. Essas abelhas armazenam o alimento em potes de cerume, ao contrário das com ferrão que se organizada em colmeias. 


Sucesso da criação está ligada a disponibilidade de água, proteção e alimentação dos enxames, capacitação do meliponicultor, dedicação, cultivo das espécies mais visitadas como pequi, fava de bolota, resedá, funcho, urucum, flamboyant de jardim, ora pro nobis, pitanga. Essas abelhas precisam de sombreamento adequado.  


Ameaças



Cruz ensinou ainda uma simples técnica para evitar o ataque de lagartas e formigas. Com uso de um troco, de preferência de eucalipto tratado, que também contribui para afugentar cupins, a armadilha é montada com uma lata de leite ninho ou similar, fixada no topo da estaca, de modo que a abertura da lata fique de ponta a cabeça. “Nisso, quando o invasor tentar acabar a caixa de abelha, ele não conseguirá subir, pois esbarrará na estrutura interna da lata e não conseguirá seguir seu caminho”, ensina o técnico. 


Outras ameaças contra a meliponicultura são a proliferação de meleiros falsificados, a derrubada de árvores, a própria falta de enxames, a disseminação de informações erradas sobre a atividade de meliponicultura, além da introdução de plantas exóticas no habitat das abelhas, a exemplo de ninho indiano, que pode levar a morte desses insetos.


Aula prática



Durante a parte prática, os participantes aprenderam como multiplicar os enxames pelo método tradicional que permite o controle de forídeos (pequenas moscas), mesmo no período chuvoso, a utilização de crias maduras que melhoram o sequenciamento das abelhas e por fim, evita a desorganização nos primeiros dias de vida do enxame. 


Laudiceia Thomaz Pereira Noranha, 55 anos, moradora do Assentamento Família Feliz, zona rural de Porto Nacional, se mostrou bem interessada pela meliponicultura. “Na minha chácara tenho uma horta e comercializo hortaliças e verduras. A facilidade no trato das abelhas sem ferrão é o que mais me agradou. Vou estudar mais sobre o assunto e buscar uma nova fonte de renda por meio da meliponicultura”, esclarece. 


Não é a primeira vez que o universitário Gabriel Rios Vogado, 19 anos, ouve falar sobre a meliponicultura, mas agora teve a oportunidade de ver na prática como é o tratamento dado a esse tipo de abelha. “É possível produzir em pequenos espaços e esse mel possui uma alto valor agregado. São insetos fáceis de manusear”, exalta.



Produção agroecológica

  


Para encerrar o dia técnico, a doutora em engenharia do Ceulp/Ulbra, Conceição Previero, ministrou uma breve palestra sobre o Desafio e Perspectiva da Produção Agroecológica. 


A agroecologia visa traçar um modelo tecnológico para a agricultura sustentável, em que se desenvolva a atividade econômica agrária aliada a preservação do meio ambiente. A agricultura orgânica é uma das vertentes das agroecologia.