09 abril 2020 às 10:26

Covid-19: pacientes recuperados reclamam de discriminação social; Semus alerta que mantê-los mais uma vez em isolamento domiciliar é desumano

Especialistas advertem que depois de cumprida quarentena, pacientes não transmitem mais a doença

Os profissionais da
Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (Semus), que atuam
no monitoramento dos casos confirmados da Covid-19, estão recebendo muitas
queixas das pessoas que foram recuperadas da doença e sentem-se negativamente
expostas por parte da sociedade. Alguns chegaram a relatar que estariam sendo
até mesmo discriminadas em seus locais de moradia e de trabalho, e acabam tendo
medo de se expor e contar aos amigos que foram infectadas.

 

A assessora médica da
Secretaria Municipal de Saúde, Katarina Fonseca Ferreira, informa que após a
alta, os casos confirmados não transmitem mais a doença, podendo retornar às
suas atividades habituais. E ressalta ainda a necessidade de nos colocar no
lugar dos pacientes que tiveram a doença, e que por dias se mantiveram em
isolamento, sem qualquer contato físico com amigos e familiares, e faz um apelo
para a comunidade palmense. “Peço que deixemos o preconceito de lado e sejamos
solidários e que adotemos nesse período medidas de proteção e cuidado”.

 

O médico Marcelo Cabral, já
recuperado da Covid-19, conta que pelo fato de ser da área da Saúde e ter
muitos profissionais também em sua família não sofreu nenhum tipo de
preconceito no retorno ao trabalho, após cumprir o período de quarentena, porém
isso não é o que está acontecendo com alguns pacientes recuperados do coronavírus.
“O medo e o preconceito estão fazendo com que sejam discriminados no ambiente
de trabalho e/ou familiar. Vamos desfazer agora esse mito: os pacientes,
especialmente com sintomas leves, após o período adequado de quarentena, não
transmitem mais a doença para as pessoas que estão ao seu redor. Não vamos
espalhar preconceito e falsas notícias. É tempo de solidariedade, informação e
conhecimento”, enfatizou.

 

Segundo critérios
clínico-epidemiológico do Ministério da Saúde pessoas com suspeitas ou com
confirmação de ter contraído a Covid-19 poderão retornar ao trabalho após três
dias do desaparecimento dos sintomas ou após sete dias do início dos sintomas,
entretanto a recomendação da Semus vai além e pede ao paciente que permaneça em
isolamento domiciliar por 7-14 dias após o desaparecimento dos sintomas.

 

Mesmo não tendo contraído a
doença, pessoas que retornaram de viagem ao exterior relatam também sentir
discriminação. Uma moradora de Palmas, que pediu para não ter o nome divulgado,
relatou a sensação de exclusão social mesmo após o cumprimento do isolamento
domiciliar. Por ter viajado ao exterior, ela cumpriu o rigoroso isolamento
estabelecido pela Portaria Ministerial 356, de 11 de março de 2020, sendo
acompanhada diariamente por técnicos da Secretaria Municipal de Saúde (Semus).

 

Ao término do período de
isolamento domiciliar e sem apresentar nenhum sintoma, a moradora passou então
para a medida de distanciamento social, recomendada a todos os brasileiros.
“Hoje saio somente para ir ao mercado e, mesmo tendo cumprido todos os
protocolos e não tendo contraído a doença, percebo o receio de alguns
conhecidos em se aproximarem de mim. Mas entendo que esse é o sentimento geral
do planeta: as pessoas estão em pânico, mas é preciso conscientizá-las de que
liberadas da quarentena essas pessoas podem e devem ter uma vida normal, dentro
do que é possível hoje”, destacou.

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