
Da aldeia para os gramados: Arú, o atancante indígena
“Como a corrida de tora e o arco e flecha, o futebol também é
forte na cultura indígena”, revela o novo atacante do Palmas Futebol e Regatas,
Paulo Aritana Sompre, mais conhecido como Arú, atleta indígena da etnia Gavião
Kyikatejê (Pará). Jogador profissional há oito anos, Arú é reforço do Palmas e
novo padrinho da cidade sede dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, ao lado do
piloto Felipe Fraga.
“Mas não é só o futebol”. Arú defende que o esporte em si é um
fator que define a cultura indígena. “É natural do indígena ser guerreiro.
Sempre pronto para uma batalha. Então usamos o esporte diariamente para
desenvolver o corpo e a mente, e trabalhar integrado com a natureza. Então para
mim é uma honra ser padrinho e ajudar a divulgar os jogos mundiais indígenas.”
Arú, que nasceu em uma aldeia no sudoeste do Pará, só entra em
campo com o rosto pintado de urucum e jenipapo. “Gosto de jogar pintado. Me
sinto mais forte assim”. Para ele, além de uma batalha a ser vencida o futebol
é, sobretudo, integração. “No futebol você aprende a trabalhar em equipe.
Você precisa enxergar seus companheiros como iguais que lutam por um mesmo
ideal. E isso ajuda a gente a crescer sem preconceito, respeitando os outros.”
Apesar de recém-chegado à Capital do Tocantins, Arú também
possui raízes tocantinenses. “Meu pai é Xerente. Antes de mudar para o Pará,
onde eu nasci, ele se casou aqui. Então eu tenho irmãos Xerente que moram no
Tocantins e vou visitá-los em breve pra pegar tintas e celebrar”, conta o
atleta.
Para o secretário extraordinário dos Jogos Indígenas, Hector
Franco, a escalação de Arú como padrinho do evento é um exemplo de
complementariedade entre culturas. “Arú se soma agora a Felipe Fraga,
nosso querido padrinho não indígena, mostrando que Palmas e os JMI2015 são um
exemplo de integração”, conclui.