
Dia das Mães: a desafiadora missão de ser uma profissional de Saúde e mãe em tempos de pandemia
Conheça a história de uma enfermeira que divide o tempo e o coração entre o trabalho na UPA Norte e a maternidade
O Dia das Mães é uma data
especial que nos remete a momentos de alegria e celebração em família. Na
memória é possível ver todos reunidos à mesa, distribuindo presentes, beijos e
abraços em homenagem àquela que é a estrela do lar. Mas neste ano tudo será
diferente para muitas pessoas, principalmente para os profissionais de Saúde
que trabalham na linha de frente do combate à Covid-19.
São muitas mães, filhas e
filhos que estão inseguros nos hospitais, Centros de Saúde e Unidades de Pronto
Atendimento (UPAs) e ao mesmo tempo com o sentimento de que a eles foi dada a
nobre missão de salvar vidas nesta pandemia, considerada a maior crise
sanitária do planeta Terra. Vamos contar aqui a história de uma dessas pessoas
que divide o coração e o tempo entre o trabalho na área da Saúde e a
maternidade.
Xênia Pollyana de Amorim
Galvão é enfermeira na Rede Municipal de Saúde de Palmas há 15 anos. Atualmente
trabalha na UPA Norte e tem duas pequenas filhas, Alícia com nove e Helena com
quatro anos de idade, além da cachorrinha Meg, que também é considerada da
família. Xênia conta que a rotina da família teve de ser totalmente alterada
por causa do risco de contágio pelo novo vírus. “Somos só nós três e fazíamos
tudo juntas, até na hora de dormir. Não podemos mais ter contato próximo, nos
beijar e abraçar. A menorzinha não entende direito, quer o carinho da mãe de
volta e isso corta o coração da gente”, diz emocionada.
A enfermeira relata que no
início da pandemia precisou ficar afastada das filhas por 20 dias porque as
aulas das meninas foram suspensas e não tinha com quem deixá-las e, por isso,
recorreu à ex-sogra e à sua própria mãe que reside em outro Estado. Xênia conta
que falava com as meninas todos os dias por videochamada, mas a saudade era
demais e elas retornaram para Palmas.
Emocionada, a enfermeira diz
que essa pandemia está sendo um teste como nunca havia enfrentado em 15 anos de
profissão, apesar de sempre ter atuado em atendimentos de urgência e
emergência. “Essa situação deixa muito claro a nossa condição de ser humano,
dividido entre as obrigações do ofício e o medo do desconhecido, de se
contaminar e de ter que voltar para casa e cuidar das filhas”. Xênia considera
que os profissionais de Saúde não são heróis, mas pessoas que escolheram um
trabalho para ganhar o sustento e que, acima de tudo, atuar nessa área é um dom
e uma missão.
O medo de se contaminar é
uma realidade presente no dia a dia dos profissionais que atuam no acolhimento
de pacientes suspeitos ou confirmados com Covid-19. Enfermeiros e técnicos de
enfermagem são responsáveis, entre outros procedimentos, por coletar as
secreções dos pacientes que são usadas no exame de detecção da doença. Há cerca
de dez dias, Xênia estava com sintomas de gripe e achou que tinha sido
infectada pelo coronavírus. Ela conta que atendeu uma pessoa e percebeu que as
pontas dos dedos estavam um pouco roxas e isso é um indício da infecção. O
paciente fez o exame de Covid-19 e testou positivo, foi encaminhado para o
hospital e algum tempo depois foi a óbito, conta a enfermeira, dizendo também
que ficou na mesma sala por muito tempo com o paciente.
Apesar do uso correto dos
equipamentos de proteção individual (EPIs), existe algum risco de um
profissional de Saúde ser infectado. Por isso, a enfermeira Xênia resolveu
fazer o teste no último sábado e o resultado foi negativo.
A filha mais velha chegou a
pedir que a mãe abandonasse a enfermagem porque sentia medo de perdê-la. Com o
passar do tempo esse sentimento foi dando lugar à admiração por entender que a
profissão é uma forma de doação para salvar outras vidas. Xênia finaliza esse
pequeno relato da sua luta como profissional da Saúde e mãe dizendo que “nessa
atual fase estou tentando poupar um pouco as minhas filhas, oferecendo a elas
um tempo de qualidade quando estamos juntas”.