26 outubro 2015 às 15:34

Diálogo sobre Meio Ambiente e Sustentabilidade debate questões que afetam a vida dos povos indígenas

Mais que celebração, a festa da diversidade étnica que acontece no I Jogos Mundiais dos Povos Indígenas (JMPI) também é momento para debater e discutir questões que afetam a vida destes povos, como a sustentabilidade ambiental. O tema foi debatido em roda de diálogo na manhã desta segunda-feira, 26, no Fórum Social Indígena, na Oca da Sabedoria.

 

Compuseram a mesa de discussão a bacharel em Direito, Maial Kaiapó, o Maori (etnia originária da Nova Zelândia) Harko Brown, e o mestre em Ciências Ambientais, Tiago Oliveira. Para abrir o debate foi exibido o documentário “Sombra de um Delírio Verde – a realidade do povo Guarany Kayowá”.

 

‘A demarcação das terras indígenas é fundamental para a sustentabilidade ambiental’, é esse o ponto de vista de Maial Kaiapó. Para a advogada os jovens indígenas precisam se envolver nas questões ambientais para assim garantir a preservação de suas comunidades, e diminuir os impactos das mudanças climáticas.

 

“Quando devastamos a natureza, matamos um pouco da nossa alma. Acredito que esse momento é o certo para planejarmos uma ação eficiente. A demarcação e o respeito à demarcação das terras indígenas ‘é’ fundamental. Há uma afronta entre o agronegócio e nossos direitos garantidos. É esse o momento par nos unirmos e fazermos uma política nossa, pois todos os indígenas estão passando por alguma pressão sobre as suas terras, mesmo as demarcadas”, frisou.

 

Já o Maori Harko Brown explicou que entre o povo da Nova Zelândia, a sustentabilidade está diretamente ligada a preservação dos costumes e jogos tradicionais. “Os nossos jogos são importantes na questão da sustentabilidade pelos elementos naturais que usamos. E os Jogos Mundiais estão sendo bons para os Maori demonstrarem seus valores. Estamos tentando sustentar nossa cultura em toda a Nova Zelândia também através dos Jogos”, disse Brow, que fez questão de mostrar os objetos utilizados em alguns jogos  Maori, promovendo um momento de integração e interação entre os presentes.

 

Debates

 

Mas, mais que preservação de costumes, para os indígenas brasileiros a sustentabilidade ambiental é uma questão de sobrevivência dos Povos, como foi evidenciado nos debate, após exposição da mesa.

 

‘Os costumes e valores do homem branco são os responsáveis pela destruição do meio-ambiente’, é esta a visão do indígena Paulinho Payakã, ao explicar que atualmente barrar a Proposta de Emenda 215, a PEC 215, que transfere do Governo Federal para o Congresso Nacional o poder de demarcação das terras indígenas, é um dos grandes desafios dos Povos Indígenas no País. “Quem faz a destruição, toda a degradação quem faz é o homem branco. É por isso que somos contra a PEC 215, que vai acabar com o restante da floresta que os índios estão preservando. É a bancada de ruralista que são interessados em aprovar a PEC 215.”

 

‘O progresso, para os Xavantes, não é um inimigo, desde que ocorra com respeito à natureza’, foi o que afirmou Jeremias Xavante. “Nós Povo Xavante não somos contra o progresso, desde que seja racional. As terras indígenas no Brasil são as únicas que ainda possuem área verde, preservação de mananciais, animais. Mas estamos sofrendo pressão em todas as nossas áreas, é plantação de soja, de algodão. O nosso cerrado está sendo destruído aceleradamente. Se não fizermos algo, não vai demorar, a Aldeia Global vai explodir”, ressaltou.

 

O consumismo e o desperdício também foram lembrados na ocasião, como afirmou Genilda Cygang. “Também é necessário que os povos, indígenas e brancos, olhem para suas pequenas atitudes, evitando o desperdício de insumos naturais e o consumo excessivo. Nossas pequenas atitudes, a mudança de comportamento também conta”, frisou.