30 junho 2017 às 12:06

Divinas Divas: filme de Leandra Leal lota sala do Cine Cultura e agrada o público presente

O longa retrata a relação de oito travestis, no Rio de Janeiro, durante a ditadura

Com um enredo que aborda dois temas considerado tabus – a trajetória de vida das artistas travestis e a velhice, o documentário “Divinas Divas” lotou o Cine Cultura na noite desta quinta-feira, 30, e contou ainda com um debate com a diretora e atriz Leandra Leal, e a montadora do filme, Natara Ney.

 

O longa retrata a relação de oito travestis com o Teatro Rival, no Rio de Janeiro, durante a ditadura. Na época, o Teatro Rival viu um nicho artístico que poderia ser melhor aproveitado, além de uma grande chance econômica para o mercado de artes.

 

A crítica especializada tem sido unânime em afirmar que o filme propõe a compreensão da vida das travestis como obras de arte, mas também como um ato político, além de revelar a intimidade, o talento e as histórias de uma geração que revolucionou o comportamento sexual e desafiou a moral daquela época.

 

Para o público em geral, a obra significa muito mais que isso. O estudante de jornalismo e membro do Coletivo Um Movimento pela Diversidade Sexual da UFT, Pedro Thiago Macedo, o filme traz uma narrativa e visibilidade das primeiras travestis artistas do país e é de extrema importância, uma vez que dar visibilidade a essas personagens no Brasil, o país que mata mais travestis e transexuais no mundo. “O filme traz para todas as pessoas que não convivem com essa realidade um assunto que ainda é tabu para ser debatido na sociedade”, pontuou Pedro Thiago.

 

Já o estudante universitário Carlos Henrique Mota Lima enfatiza que a produção independente exibida no Cine Cultura é extremamente importante para as pessoas conseguirem se enxergar no cinema. “Aqui as obras tocam mais o sentimento, consegue contar histórias humanas e diferenciar o cinema produto do cinema arte”, disse.

 

Debate

 

A estreante e premiada diretora Leandra Leal ressaltou as dificuldades de produzir o longa, principalmente por falar de dois assuntos que ainda sofrem muito preconceito no Brasil, a identidade de gênero e a velhice.

 

Segundo a diretora, o filme nasceu de uma vontade dela de promover o talento dessas oito artistas que conhece há muito tempo do Teatro Rival. Leandra Leal esclarece que quando a casa de artes completou 70 anos nasceu também o espetáculo “Divinas Divas”, e depois de vê-las juntas em cena, surgiu o desejo de fazer o filme.

 

No entanto, por si tratar de dois assuntos que ainda sofrem muito preconceito, houve muita dificuldade em captar recursos para a produção da obra. Leandra afirma que o filme foi produzido porque venceu um edital junto ao governo federal, mas também porque aderiram ao crowfunding, que é o financiamento coletivo por meio de uma plataforma online.

 

“Divinas Divas” levou vários prêmios, nacionais e internacionais, no entanto a diretora foi clara em afirmar que “os prêmios são muito maneiros, mas o que me incentiva a dirigir é poder fazer coisas que me acalentem enquanto criadora e cidadã e é isso que fará com que me jogue noutro projeto”, concluiu.

 

O longa segue em cartaz de quarta-feira a domingo, no Cine Cultura, no Espaço Cutural. Os ingressos custam R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia).

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