
Divinas Divas: filme de Leandra Leal lota sala do Cine Cultura e agrada o público presente
O longa retrata a relação de oito travestis, no Rio de Janeiro, durante a ditadura
Com
um enredo que aborda dois temas considerado tabus – a trajetória de vida das
artistas travestis e a velhice, o documentário “Divinas Divas” lotou o Cine
Cultura na noite desta quinta-feira, 30, e contou ainda com um debate com a
diretora e atriz Leandra Leal, e a montadora do filme, Natara Ney.
O
longa retrata a relação de oito travestis com o Teatro Rival, no Rio de
Janeiro, durante a ditadura. Na época, o Teatro Rival viu um nicho artístico
que poderia ser melhor aproveitado, além de uma grande chance econômica para o
mercado de artes.
A
crítica especializada tem sido unânime em afirmar que o filme propõe a
compreensão da vida das travestis como obras de arte, mas também como um ato
político, além de revelar a intimidade, o talento e as histórias de uma geração
que revolucionou o comportamento sexual e desafiou a moral daquela época.
Para
o público em geral, a obra significa muito mais que isso. O estudante de jornalismo
e membro do Coletivo Um Movimento pela Diversidade Sexual da UFT, Pedro Thiago
Macedo, o filme traz uma narrativa e visibilidade das primeiras travestis
artistas do país e é de extrema importância, uma vez que dar visibilidade a
essas personagens no Brasil, o país que mata mais travestis e transexuais no
mundo. “O filme traz para todas as pessoas que não convivem com essa realidade
um assunto que ainda é tabu para ser debatido na sociedade”, pontuou Pedro
Thiago.
Já o
estudante universitário Carlos Henrique Mota Lima enfatiza que a produção
independente exibida no Cine Cultura é extremamente importante para as pessoas
conseguirem se enxergar no cinema. “Aqui as obras tocam mais o sentimento,
consegue contar histórias humanas e diferenciar o cinema produto do cinema
arte”, disse.
Debate
A
estreante e premiada diretora Leandra Leal ressaltou as dificuldades de
produzir o longa, principalmente por falar de dois assuntos que ainda sofrem
muito preconceito no Brasil, a identidade de gênero e a velhice.
Segundo
a diretora, o filme nasceu de uma vontade dela de promover o talento dessas
oito artistas que conhece há muito tempo do Teatro Rival. Leandra Leal esclarece
que quando a casa de artes completou 70 anos nasceu também o espetáculo “Divinas
Divas”, e depois de vê-las juntas em cena, surgiu o desejo de fazer o filme.
No
entanto, por si tratar de dois assuntos que ainda sofrem muito preconceito,
houve muita dificuldade em captar recursos para a produção da obra. Leandra
afirma que o filme foi produzido porque venceu um edital junto ao governo
federal, mas também porque aderiram ao crowfunding,
que é o financiamento coletivo por meio de uma plataforma online.
“Divinas
Divas” levou vários prêmios, nacionais e internacionais, no entanto a diretora
foi clara em afirmar que “os prêmios são muito maneiros, mas o que me incentiva
a dirigir é poder fazer coisas que me acalentem enquanto criadora e cidadã e é
isso que fará com que me jogue noutro projeto”, concluiu.
O
longa segue em cartaz de quarta-feira a domingo, no Cine Cultura, no Espaço
Cutural. Os ingressos custam R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia).