
Em Palmas, Conferência traz os números e os desafios da hanseníase no Brasil
O formato de enfrentamento da doença em Palmas foi apresentado durante o evento
Na manhã desta sexta-feira, 20, I
Conferência Nacional Livre – Vigilância em Saúde com ênfase em Hanseníase
contou com uma mesa redonda sobre “Desafios para o cuidado integrado em
Hanseníase com contribuições ao protocolo de Assistência e Vigilância em Saúde”,
na qual foram apresentados os números relativos à doença no País e ações que
estão sendo implementadas para a sua erradicação. O evento acontece no
auditório principal do Centro Universitário Luterano de Palmas (Ceulp|Ulbra) e
é uma etapa preparatória para a I Conferência Nacional de Vigilância em
Saúde que será realizada em Brasília, de 21 a 24 de novembro.
De
acordo com a coordenadora geral da Hanseníase e Doenças em Eliminação do
Ministério da Saúde, Carmelita Ribeiro, em 2016, um total de 2.885
municípios brasileiros diagnosticaram casos novos de hanseníase. Desses,
Palmas, Fortaleza (CE), São Luís (MA) e Recife (PE) diagnosticaram acima de 400
casos novos.
A
coordenadora chamou atenção para o diagnóstico em pacientes menores de 15 anos.
Em 2016, 591 municípios apresentaram novos casos nessa faixa etária, sendo que
Palmas, Fortaleza, Recife, Olinda e São Luís apresentaram mais de 30 casos em
menores de 15 anos.
Num
comparativo entre os anos de 2010 e 2016, houve uma evolução nos diagnósticos
feitos pela Atenção Primária, saltando de 65% para 71%, o percentual de casos
identificados. “Esse número devemos comemorar porque mostra que o diagnóstico
está acontecendo no local onde a pessoa mora, lá na unidade de saúde de sua
referência”, disse Carmelita, mostrando a queda de diagnóstico na atenção
secundária (de 24% para 20%) e especializada hospitalar (11% para 9%).
Entre
as estratégias adotadas pelo Ministério da Saúde para erradicação da doença
está o diagnóstico precoce, alcançar taxas de casos novos para menos de um
milhão, articular leis que visam o enfrentamento do estigma sofrido pelos
pacientes. “O Ministério se organizou para atuar na eliminação da hanseníase,
estabelecendo eixos de atuação com apoio, articulação e pesquisas para
estabelecimento de novas diretrizes que resultem na erradicação”, ressaltou
Carmelita, informando que para 2018 uma grande mobilização será feita no dia 31
de janeiro (Dia Mundial de Luta contra a Hanseníase), além de campanhas nas
escolas com foco no público de 5 a 14 anos. “Queremos também fortalecer as
referências estaduais e municipais, viabilizar calçados para as pessoas com
incapacidade nos pés ocasionada pela hanseníase, fazer um levantamento das
incapacidades e promover reabilitação cirúrgica”, finalizou.
Desafios
O presidente da Sociedade
Brasileira de Hansenologia (SBH), Marco Andrey Cipriani, falou sobre a
realidade enfrentada na atenção secundária que se depara diariamente com
pacientes com diagnóstico tardio e já incapacitados. “O diagnóstico da
hanseníase não é tão simples. É preciso ter uma mudança no foco de abordagem, colocar
também os sintomas neurológicos. A doença é originariamente nos nervos para
depois ser de manifestação cutânea, e nesse período de incubação, que é longo
de cinco a dez anos, os pacientes ficam se queixando de sinais e sintomas
neurológicos como formigamentos, dormências, câimbras noturnas, que são
importantes para o profissional já pensar em hanseníase”, ressaltou.
A
fisioterapeuta do Núcleo de Apoio à Saúde da Família do Território Xambioá,
Camila Renovato, falou sobre como a rede municipal de saúde de Palmas se
organizou para o enfrentamento da hanseníase, incluindo a doença no Modelo de
Atenção às Condições Crônicas (MACC). “Com o MACC é possível fazer a
extratificação do paciente dentro de uma classificação de risco, estabelecendo
uma linha de cuidados integrada na qual busca a solução dos problemas dentro da
atenção primária, encaminhando para atenção secundária somente os casos que
houver necessidade”, pontuou Camila, elencando como desafios, a falta de
conhecimento sobre a doença por parte dos usuários do Sistema Único de Saúde
(SUS) e melhoria na comunicação entre os territórios para uma busca mais
eficiente e qualificada dos contatos dos pacientes (parentes que nem sempre
moram na mesma região).
O
secretário de Comunicação do Movimento de Reintegração das Pessoas
Atingidas pela Hanseníase (Morhan) do Acre, Bill Souza, falou dos avanços
das políticas públicas no controle social. “É importante que toda a sociedade
se envolva nessa luta pelo fim do estigma dessas pessoas que tanto sofrem com a
hanseníase e outras doenças também negligenciadas”, disse.
E ao final, o coordenador do Morhan em Palmas, Leomar Brigagão, apresentou os voluntários do movimento e estendeu o convite para os participantes que quisessem também ser voluntários do Morhan, sendo prontamente atendido.
Edição: Lorena Karlla