Evento promoveu uma troca inédita entre 65 artistas do interior do Estado e mais de 100 artistas palmenses – Foto: divulgação
Expressões Artísticas
08 dezembro 2025 às 09:23

Festival de culturas populares e encontro de Blocos em Palmas reúnem saberes e expressões artísticas

Com apoio da Fundação Cultural de Palmas, diversidade de tradições marcam encontro, entre elas a Sussa e Ballroom

O Festival de Culturas Populares e Tradicionais do Tocantins, realizado em conjunto com o Encontro de Blocos, transformou no último sábado, 6, a Grande Praça do Espaço Cultural José Gomes Sobrinho, em Palmas, em um território vivo de encontros, saberes e expressões artísticas. Ao longo da programação, mais de 1.500 pessoas passaram pelo local, celebrando a potência da cultura popular em diálogo com a cena urbana contemporânea. O projeto é realizado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc, geridos pela Prefeitura, por meio da Fundação Cultural de Palmas (FCP).

“Esse é um trabalho de muitas mãos. Graças a Lei Aldir Blanc e a parceria integral da Fundação Cultural, que deu celeridade aos processos, assumiu as políticas de incentivo e cedeu o espaço público, vemos a materialização do nosso sonho, o sonho de ver a cultura tocantinense reconhecida e valorizada em toda a sua diversidade”, afirma Jaqueline Moraes, cofundadora e produtora do Coletivo Meu Bloco, realizador do projeto.

A programação teve início às 16 horas com a roda de capoeira do grupo Toca Angola. Ao longo da tarde e da noite, o público acompanhou rodas de sussa, apresentações do Projeto Vereda, dos Congos e Taieiras de Monte do Carmo, da Bateria Boto Fé Nesse Carna, do Masterholic, do Trio Bacana, do Lindô da comunidade quilombola Cocalinho, do grupo Tô Pagodeira, encerrando com a Móia Cumbia.

Diversidade como marca

O evento promoveu uma troca inédita entre 65 artistas do interior do Estado e mais de 100 artistas palmenses, construindo uma programação que rompeu fronteiras entre palco e público, tradição e cidade. Rodas, cortejos, shows e vivências se espalharam pelo espaço, convidando o público a participar de forma ativa.

O professor Juarez Carvalho, puxador dos cânticos do grupo de Congos e Taieiras, conta que o festival é uma oportunidade de celebrar a cultura do povo negro, além de divulgar a tradição secular realizada em homenagem à Nossa Senhora do Rosário, protetora dos pobres e negros, em Monte do Carmo. “A gente tem uma troca muito importante nesses eventos, além de reencontrar os amigos de outras comunidades, conhecemos novos ritmos, pessoas e expressões artísticas”.

Phillipe Ramos, produtor do evento, explica que a curadoria foi pensada como diálogo. “A proposta foi criar pontes entre tradições e expressões contemporâneas”.

O festival também teve impacto direto na economia criativa local. A feira ‘As Mina PMW’ fortaleceu o empreendedorismo feminino, reunindo mulheres produtoras em um espaço de visibilidade e geração de renda. O comércio local foi impulsionado com a venda de comidas e bebidas produzidas no Tocantins, com destaque para marcas artesanais como a Bem-te-vi e a Curiango Brew, valorizando os saberes e sabores do território.

Sussa encontra Ballroom

Um dos momentos mais simbólicos do evento foi o encontro afrodiaspórico entre a Sussa e o Ballroom, que se apresentaram ao mesmo tempo. A Sussa é uma dança afro-brasileira presente em diversas comunidades quilombolas do Tocantins, onde canto, dança e tambor se entrelaçam para narrar histórias de resistência, território e ancestralidade.

O Grupo de Sussa Tia Ângela, originário de Santa Rosa, território negro do interior do Estado, tem como mestra Mãe Cleusa, também dirigente da Tenda de Umbanda Cabocla Yara e Caboclo Boiadeiro, sediada no município. Durante o evento, o grupo convidou o Coletivo Toca Ballroom para compartilhar o espaço. O coletivo é responsável por fomentar a cultura ballroom na Capital – uma linguagem que também nasce da diáspora negra, especialmente das vivências da comunidade LGBTQIAPN+, dos corpos dissidentes e da reinvenção estética urbana como forma de sobrevivência e afirmação.

Texto: Hugo Gross

Edição: Denis Rocha