
Indígenas falam de respeito à vida e ao meio ambiente durante abertura dos JMPI
Cada um do jeito, no seu tempo e
ritmo. Dessa forma indígenas de várias regiões brasileiras e do mundo
apresentaram ao público a sua diversidade cultural durante a cerimônia de
abertura dos I Jogos Mundiais dos Povos Indígenas. As mais aplaudidas pelo público,
claro, foram as etnias que representavam o Tocantins – Karajá, Xerente e Javaé.
“Foi tudo muito lindo, apresentações
maravilhosas. Mas os Karajá, os Xerente e os Terena falaram ao meu coração”,
disse a artesã Jecicleya Oliveira, que é descendente de Krahô e que ao final
aproveitou para tirar muitas fotos com os indígenas fora da arena.
O mestre de cerimônia, Marcos Terena
que é membro do Comitê Intertibal (ITC), abriu os jogos agradecendo a presença
de todos os povos indígenas, às lideranças indígenas e autoridades presentes, à
madrinha e ao padrinho dos jogos, cantora Margareth Menezes e o ex-jogador de
futebol Cafu. “Declaramos de coração, aberto os jogos mundiais dos povos
indígenas”, disse Terena em coro com o público presente.
O líder indígena da etnia Cree do
Canadá, Willy Littlechild, leu a mensagem do secretário geral das Nações
Unidas, Ban Ki-moon, que em poucas palavras deixou claro o objetivo dos jogos.
“Os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas é um exemplo incrível de como esporte
pode reunir os povos e promover a paz”.
A madrinha Margareth também falou e
cantou a pedido de Terena. “Considero mais que esportivo este evento, com
certeza é espiritual. A humanidade toda tem tantas demandas de guerra e nós
estamos aqui celebrando a paz. Peço a Deus que nos ouça assim como ouviu e nos
enviou chuva”, disse Margareth que cantou a música “Um índio” de Caetano
Veloso.
Terena falou ainda em respeito ao
planeta e suas riquezas naturais e ao ser humano. “Na aldeia não tem hospício,
asilo ou creche porque a dignidade humana tem que ser respeitada quando nasce,
cresce e morre”, disse.
Apresentações
Iniciando as apresentações, foi
exibido um vídeo em que Carlos Terena, idealizador dos jogos, conta como surgiu
a idéia de realizar o evento. “Há 29 anos, realizamos o primeiro jogos
nacionais em Goiânia. Tudo começou a partir de um sonho que tive de juntar os
povos, para que todos se conhecessem e celebrassem a vida. Agora é uma nova
etapa, povos de todo o mundo juntos pedindo para respeitar as coisas criadas
por Deus. Isso não é uma teoria para nós e sim uma prática.”
Três lideres indígenas no centro da
arena fizeram orações e na sequência as etnias brasileiras foram se
apresentando, arrancando aplausos do público e se perfilando formando um
círculo na arena. As delegações estrangeiras também se apresentaram – Chile,
Panamá, Guatemala, Peru, Colômbia, México, Rússia, Etiópia, Nova Zelândia,
entre outras, foram se unindo aos indígenas brasileiros deixando o espetáculo
ainda mais colorido, vibrante e cheio de significados.
“Novo tempo”, música de Ivan Lins foi
cantada por um indígena no centro da arena, com palmas do público ao fundo.
Denise Araújo Perez Xerente emocionou a todos cantando o Hino Nacional
Brasileiro, parte na língua Tupi-guarani e parte em português. E ao final todas
as etnias ocuparam o centro da arena, com seu canto e dança, promovendo um
espetáculo belíssimo, que encantou o público.