
Lutas e conquistas de técnicos de enfermagem são celebradas no mesmo dia em que Palmas completa 31 anos
Para esses profissionais, medo, orgulho e coragem são sentimentos que se misturam neste momento de pandemia
Apesar do momento desafiador que o mundo atravessa durante a pandemia de Covid-19, essa quarta-feira, 20 de maio, é uma data importante para quem resolveu apostar a vida na terra do sol e do calor humano, é quando a capital do Tocantins completa 31 anos. A cidade que nasceu de uma ideia de separação do norte goiano se tornou referência e um ponto de apoio e oportunidades para muitos profissionais que sonhavam em construir uma carreira na última cidade planejado do Brasil. Entre essas profissões está a de técnico de enfermagem, que tem o seu dia celebrado mundialmente também nesta quarta, 20. A data foi instituída para homenagear essas pessoas, que junto com conhecimento técnico, carregam em seus jalecos, toucas e máscaras a dedicação, o carinho e o amor àqueles que tanto precisam de cuidados.
A técnica em
enfermagem Jeanne Soares Carvalho, 33 anos, resolveu dedicar sua vida para
ajudar outras pessoas. Natural de Filadélfia e palmense de coração há quase 20
anos, a profissional encontrou na mais nova Capital um ponto de morada, o sonho
de construir uma família e a paixão pela área da saúde. “Sempre tive a intenção
de não voltar. Criei raízes aqui e pretendo ficar para o resto da vida”, relata
a profissional que há seis anos lida com pacientes de diversas enfermidades.
Jeanne compõe o
quadro de 483 técnicos de enfermagem da Secretaria Municipal da Saúde (Semus),
que ao lado dos médicos e outros profissionais na linha de frente do combate ao
coronavírus, convivem com uma realidade que os coloca em situação de extrema
vulnerabilidade face à doença. “No início foi bem angustiante. Estamos lidando
com uma doença que não sabemos quais são os efeitos em nosso organismo, então,
no começo foi pior, porque não tínhamos informação de nada. Mas agora a
apreensão deu uma controlada. Porém, fico com medo porque tenho dois filhos e
um deles é asmático, meu marido é hipertenso e o pânico maior é contaminar
eles, que são do grupo do risco. Claro que eu também tenho medo de ficar
doente, mas alguém tem que fazer esse papel de cuidar das pessoas. Acho muito
bonita a grandeza de cuidar do ser humano e por isso amo o que eu faço”, conta.
Papel decisivo
O secretário
municipal da Saúde, Daniel Borini, destaca que para ajudar os médicos a cuidar
dos enfermos, os técnicos de enfermagem têm um papel decisivo em muitas
situações, porque é quem lida primeiramente com o paciente, principalmente nos
Centros de Saúde da Comunidade (CSCs). “Então esses profissionais compõem uma
área da enfermagem essencial para que a prática hospitalar ocorra de maneira
organizada e eficiente. Por isso, temos que parabenizar e honrar essas pessoas
que deixam suas casas e suas famílias para amenizar o sofrimento de outras que
tanto necessitam de cuidados”.
Com muitos anos
nesta jornada, a técnica em enfermagem Susana Rodrigues de Andrade Oliveira, 40
anos, trabalha na área desde o início deste século. E durante todo esse tempo
convivendo com pessoas entre a vida e a morte, ela confessa que nunca viu um
momento tão difícil em sua carreira como este que o mundo vivencia nos últimos
meses. “Tenho duas crianças em casa e além de trabalhar no Centro de Saúde da
Comunidade (CSC), também faço jornada semanal no Hospital e Maternidade Dona
Regina. E nos últimos dias minha vida mudou completamente, até mesmo o contato
com as pessoas que moram comigo e isso acaba mexendo com o nosso psicológico.
Gosto da minha profissão, me sinto uma pessoa necessária na sociedade. Mas às
vezes é duro não poder abraçar direito os meus filhos”.
Susana garante que
apesar de toda dificuldade, ela sente que é acolhida em Palmas, mesmo nos
momentos mais difíceis e quando a pandemia passar, ela diz que já sabe qual
será a primeira coisa que vai fazer na cidade. “Pegar minhas crianças e passar
a tarde na Praia da Graciosa”.
Edição:
Lorena Karlla