
Na educação de Palmas, o esporte é ferramenta de inclusão social de crianças neurodiversas
Atividades esportivas na educação são planejadas em conjunto com equipe multidisciplinar e adaptadas conforme a necessidade de cada aluno
Promoção da saúde física e mental, melhora do rendimento escolar e fortalecimento da autoestima são apenas alguns dos benefícios obtidos por meio da prática de atividades físicas, segundo especialistas. Pensando nisso, o esporte tem sido utilizado nas unidades educacionais de Palmas também como ferramenta de inclusão social em crianças neurodiversas, como as que possuem o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), ou crianças que apresentam alguma dificuldade motora.
Na rede municipal de ensino, as atividades são adaptadas conforme a necessidade de cada aluno. No caso de crianças autistas, os exercícios podem contribuir para melhorar o equilíbrio, a coordenação, a flexibilidade e o desenvolvimento cognitivo, motor e afetivo. É o que explica a professora de Educação Física Lorena Vilanova, da Escola Municipal Beatriz Rodrigues, localizada na Arno 42 (405 N). “Nós fazemos o planejamento das aulas primando sempre pela acessibilidade e inclusão. O esporte é para todos”, destaca.
Segundo a professora, as aulas são elaboradas em conjunto com outros profissionais, a exemplo dos professores auxiliares e cuidadores. “No planejamento da aula, já busco informações sobre os alunos que necessitam de um acompanhamento especial, procuro entender o diagnóstico de cada um e adapto as atividades conforme as necessidades deles”, destalha a professora, acrescentando que, no caso dos autistas, as atividades físicas melhoram suas habilidades sociais e de comunicação.
O planejamento das aulas de Educação Física inclui, ainda, as aulas teóricas, realizadas dentro das salas de aulas. “O conteúdo desta semana é a classificação dos esportes, então a aula expositiva é realizada utilizando diversos recursos, com ilustrações e gravuras, além do quadro e pincel. Tudo para tornar o conteúdo programático acessível a todas as nossas crianças.”
O aluno Heitor Ambrósio de 14 anos tem autismo e é aluno do 8º ano da Escola Municipal Beatriz Rodrigues. Durante as aulas, é acompanhando pela cuidadora Jacimara Cardoso, que garante que ele se diverte muito nos circuitos esportivos realizados no ginásio da unidade. “O Heitor adora brincar e correr com as crianças, mas há momentos em que ele prefere não interagir, então nós respeitamos e fazemos tudo no tempo dele”, conta.
Já o aluno Adrian Souza, de 12 anos, do 7º ano, que também necessita de auxílio durante atividade física, não para um minuto durante os jogos e brincadeiras realizados em quadra. Disposto e brincalhão, Adrian gosta de ser sempre o primeiro da fila quando o assunto é diversão. “Ele se diverte muito quando participa da ginástica de condicionamento físico, com circuitos em quadra”, avalia o cuidador Josimar Ferreira.
Empatia e socialização
Assim como o Heitor e o Adrian, outras crianças da unidade apresentam algum diagnóstico que podem interferir na interação social. Na rede municipal de ensino de Palmas, no entanto, essas crianças são estimuladas o tempo todo ao convívio social. Segundo a professora Lorena, em todos os anos em que atua como educadora na escola, nunca presenciou nenhum ato de discriminação social contra essas crianças. “O que nós observamos é uma empatia muito grande. Elas se divertem em grupo e as outras crianças torcem e vibram juntas a cada atividade realizada”, conclui.