Foto: Wuhan, província de Hubei 3001 2020 Peng Zhiyong , chefe do departamento de medicina intensiva do Hospital Zhongnan, verifica o registro do diagnóstico de um paciente com seu colega na UTI (unidade de terapia intensiva) do Hospital Zhongnan da Universidade de Wuhan em Wuhan, província de Hubei, na China Central, foto Governo China
16 maio 2020 às 09:27

Pacientes curados pela Covid-19 podem sofrer sequelas em vários órgãos

Processo inflamatório desregulado da doença atinge diversas partes do corpo e  infectologista da Semus explica ações da Covid-19 em pacientes considerados curados

Desde o primeiro caso
de Covid-19 no Brasil, no dia 26 de fevereiro, muitas são as dúvidas a respeito
do contágio e de como a doença age no organismo humano. Em meio aos infectados,
muitos pacientes conseguiram receber alta da doença. Por ser uma pandemia nova
em todo o mundo, as sequelas que ela pode causar ainda são desconhecidas.

 

Em Palmas, a advogada
Kellen Pedreira, 44, foi a primeira pessoa identificada com o novo coronavírus
no Tocantins, no dia 18 de março. Após ficar em isolamento domiciliar e seguir
o tratamento indicado e ser acompanhada e monitorada pela Secretaria Municipal
de Saúde (Semus), ela já está curada, mas ainda não se recuperou totalmente das
sequelas da doença. “Atualmente ainda tenho pneumonia, palpitação e de vez em
quando dor torácica. Mas as sequelas que tive já estão indo embora”, frisou a
advogada.

 

De acordo com o médico
infectologista da Semus, Rafael Nogueira Araújo de Lima, as ações da doença,
até mesmo nas pessoas que estão curadas, ainda são desconhecidas devido ao
pouco tempo de conhecimento sobre o vírus. “Nós já temos conhecimento que o
vírus estimula nosso corpo a desencadear uma inflamação exagerada. Ele faz com
que um mecanismo de defesa do nosso corpo prejudique diversos órgãos do nosso
organismo”, ressalta o infectologista.

 

Segundo ele, o comum é
que a Covid-19 ataque principalmente as vias respiratórias, mas, devido a
possibilidade de inflamação descontrolada, outros órgãos humanos podem sofrer
com o vírus, dentre eles os rins, cérebro, coração, a pele e os olhos.

 

“A resposta
inflamatória que o vírus traz para o corpo é sistêmica, ou seja, viaja pelo
corpo todo do paciente. Por isso há a possibilidade de desencadear diversas
manifestações diferentes no indivíduo. Por exemplo, até a regulação hormonal
pode ser comprometida caso a infecção seja grave”, cita o médico.

 

Sobre a continuidade do
tratamento em pessoas já curadas, o médico destaca que a questão depende de
vários fatores, tendo em vista que a Covid-19 é uma doença pouco conhecida. “No
caso em que o infectado teve acometimento renal, por exemplo, é necessário que
ele prossiga fazendo hemodiálise”, explica Lima.

 

De acordo com o
especialista, em casos mais graves, nos quais os pacientes precisam ser
tratados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), as sequelas podem ocorrer
após tratamentos mais invasivos. “Como o mais comum é que o vírus invada o
sistema respiratório, é necessário que alguns pacientes precisem ser entubados
por conta da perda da função respiratória. É um procedimento agressivo e
arriscado, que pode gerar sequelas pulmonares, na fala e até déficits de
oxigenação, problemas neurológicos”.

 

A respeito do
acompanhamento de quem teve Covid-19 e está com alguma sequela, até o momento é
recomendado que o paciente continue o tratamento no ambulatório específico
daquilo que o acomete. Em Palmas, na Rede Pública Municipal, a população conta
com os Centros de Saúde da Comunidade (CSC) e os serviços de atendimento
especializado. 

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