
Pesquisa aponta aumento no número de pessoas assintomáticas contaminadas pelo novo coronavírus
Resultados preliminares da testagem realizada nas duas primeiras etapas do estudo foram divulgados na manhã desta segunda-feira, 06
A coordenação do
Projeto de Pesquisa intitulado ‘Novo coronavírus (SARS-CoV-2): inquérito
populacional para pesquisa de anticorpos’ divulgou nesta segunda-feira, 06, os
resultados preliminares da testagem realizada nas duas primeiras etapas do
estudo, ocorrida entre os meses de maio e junho deste ano. Nas duas primeiras
fases, 846 pessoas foram testadas para identificar presença de anticorpos para
o novo coronavírus. Os resultados apontaram tendência de aumento na proporção
de pessoas assintomáticas contaminadas pelo vírus, em Palmas.
De acordo com os dados
da pesquisa, a população mais afetada são mulheres entre 30 e 39 anos, que se
autodeclaram pardas, apresentam menor nível de escolaridade e renda menor. A
pesquisa revelou ainda uma pequena mudança no comportamento da população.
Conforme o estudo,
também houve aumento no número de pessoas que passaram a sair de casa
diariamente. No início da pesquisa, sendo a primeira etapa, eram 26,5% dos
pesquisados, e agora este percentual saltou para 36,2%. Em relação ao
contingente de pessoas que declaram adotar medidas preventivas (higienizar
mãos, uso de máscara e evitar o tocar olhos, nariz e boca após contato com
superfícies e pessoas) caiu de 98.6% para 86.1% dos entrevistados.
Sobre os locais de
aumento das infecções assintomáticas, todos os territórios onde a testagem foi
realizada, apresentaram presença de pessoas contaminadas, o que acompanha
também a relação com os casos sintomáticos confirmados na cidade.
A pesquisa, realizada
na cidade de Palmas, é coordenada pela Fundação Escola de Saúde Pública de
Palmas (Fesp) em parceria com a Universidade Federal do Tocantins (UFT), o
Centro Universitário Luterano de Palmas (Ceulp/Ulbra) e a Faculdade de Medicina
do ABC (FMABC-SP), e já está na sua terceira fase.
Segundo o coordenador
do projeto e tutor dos Programas de Residências da Fesp, Fernando Quaresma, que
também é professor de graduação e pós-graduação da UFT. “O estudo pretende
conhecer a proporção da população de Palmas que esteve ou está infectada pelo
novo coronavírus, especialmente os casos assintomáticos ou assintomáticos leves,
identificar os locais onde há maior avanço da doença e avaliar o comportamento
da população em relação às medidas de prevenção”, explicou ele.
Os resultados
preliminares apontam tendência de aumento na proporção de pessoas com
anticorpos para o novo coronavírus na Capital. “Apesar da grande adesão da
população na etapa de entrevistas, desafios logísticos para os exames, que
apresentaram baixa adesão, foram pensados, buscando diminuir não somente as
perdas na pesquisa, mas principalmente incluir a população com mais
dificuldades de acesso aos serviços de saúde, bem como a maior robustez do
estudo”, relata o coordenador
.
A pesquisa encomendada
pela Secretaria Municipal de Saúde conta com o apoio dos profissionais que
estão na linha de frente do atendimento na Atenção Primária de Saúde, sendo as
equipes do Laboratório Municipal e os agentes Comunitários de Saúde, os tutores
e residentes do Programa de Residência em Saúde da Fesp (PIRS/Fesp), bem como
pesquisadores da UFT, Ceulp/Ulbra e FMABC/SP.
Testagem
A estimativa da
pesquisa é coletar dados de 1.692 participantes dos sete territórios, em quatro
etapas, sendo 423 participantes a cada etapa, que ocorrerá com intervalo médio
de duas semanas, ou seja, a cada 15 dias a equipe irá a campo para selecionar
os participantes de acordo com a metodologia.
Os resultados são
divulgados junto aos departamentos de Vigilância Epidemiológica da Secretaria
Municipal de Saúde, e os casos positivados são acompanhados por equipes do CSCs
de referência, bem como os residentes do mesmo domicílio.
Metodologia
A participação é
voluntária, mas a seleção das casas e dos participantes obedeceu aos critérios
da pesquisa científica. Na primeira etapa, foi realizada uma amostragem por
conglomerado, onde cada região/território foi selecionado com um número
proporcional de moradores, ou seja, nos locais onde há mais residências a
seleção de participantes é maior. Por meio do CSC, os pesquisadores da Fesp,
técnicos da Secretaria de Saúde e professores e acadêmicos da UFT e
Ceulp/Ulbra) fazem a seleção dos domicílios (casa, apartamento, kitnet).
A cada etapa, novos
domicílios participam, de forma que o estudo consiga abranger do centro das
regiões/territórios até as extremidades, garantindo que toda a área da cidade
seja avaliada.
Os pesquisadores estão
entrando em contato com os moradores dos domicílios selecionados e informando
sobre a pesquisa e os procedimentos (inclusive os éticos). Poderão participar
pessoas com idade igual ou superior a 18 anos, moradores ou visitantes na área
de cobertura dos sete territórios, que aceitarem participar da pesquisa.