
Pesquisadores se antecipam ao envelhecimento da população e discutem linhas de atuação
Temas ligados ao envelhecimento estão sendo debatidos durante o I Workshop de Pesquisa em Gerontologia de Palmas
Estabelecer uma agenda de
pesquisa pautada nas reais necessidades de saúde da pessoa idosa é o objetivo
do I Workshop de Pesquisa em Gerontologia de Palmas promovido pela Fundação
Escola de Saúde Pública de Palmas (Fesp), em parceria com a Secretaria
Municipal de Saúde (Semus) e a Universidade da Maturidade (UMA), durante toda
esta segunda-feira, 20, no auditório do Instituto 20 de Maio, em Palmas.
A mesa redonda com o tema
“Quais são as questões para realizar pesquisas com populações mais velhas no
contexto da cidade de Palmas-TO?”, promoveu um debate entre os pesquisadores
sobre epidemiologia e indicadores de saúde do idoso, políticas públicas, pesquisa,
possibilidades e desafios, e ainda, experiências obtidas no Programa de
Residência Multiprofissional em Saúde.
A Doutora Daniella Pires
Nunes, da Universidade Federal de Tocantins (UFT), trouxe dados que mostram de
1991 a proporção de idosos no Tocantins era de 2,1%, passando para 2,7% em 2000
e em 2010 já era de 4,4%. “A expectativa é que esse número seja maior, teremos
uma real dimensão quando o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) divulgar novo censo populacional”, ressalta a pesquisadora,
lembrando que apesar de Palmas ser uma cidade jovem, é preciso refletir sobre o
envelhecimento, uma vez que mais de 13% da população brasileira são de idosos e
que cada vez mais as famílias optam por ter menos filhos.
“Precisamos trabalhar a
prevenção de agravos de saúde antes da velhice, preparar essas pessoas para a
aposentadoria, pensar no mercado de trabalho porque com uma expectativa de vida
maior, as pessoas vão trabalhar mais, e os nossos serviços de saúde, estão
preparados para atender os idosos? E quando se fala em envelhecimento não
podemos olhar para doenças, mas para a capacidade funcional de que esse idoso
consiga desenvolver atividades simples do dia a dia”, provocou Daniella.
A pesquisadora da Fesp,
Doutora Lorena Dias Monteiro, reiterou que a intenção do workshop é levantar os problemas e estabelecer uma agenda de
pesquisa pautada a partir das necessidades de saúde da população idosa. “Em
Palmas, o problema de doenças crônicas ainda não é tão elevado quanto em outros
municípios e estados, isso está atrelado ao fato de sermos jovens enquanto
município, mas em cinco ou dez anos nossa realidade vai mudar bruscamente e nós
não estamos preparados. Por isso estamos nos antecipando e fazendo esse
trabalho conjunto para de fato quando chegar nessa evolução temporal, a gente
já ter algumas respostas e oferecer uma estrutura e um serviço de saúde com
melhor condição para o idoso”, ponderou Lorena.
A Doutora Neila Barbosa
falou das políticas públicas existentes e destacou a necessidade de diminuir as
desigualdades sociais, pois até 2050, o número de brasileiros acima de 80 anos
ou mais vai aumentar 26 vezes. “A realidade dos velhos no Brasil só mudará com
conhecimento, com o velho sendo destinatário de transformação. Quando nos
propomos a pesquisar a desenvolver políticas públicas não devemos estar
atrelados à terminologia da palavra velhice, mas sim na essência da velhice
humana, porque cada vez mais vamos envelhecer. E não há nada ofensivo em falar
que é velho, pois a maior novidade é envelhecer e temos que cuidar dessa fase
da vida”, ressaltou.
O coordenador da UMA, Doutor
Luiz Sinésio Neto, destacou o papel da instituição como agente de transformação
de vidas. “A UMA chega aos seus 13 anos de existência mudando uma realidade na
perspectiva do idoso, tem mudado a vida das pessoas por meio do formato da sua
tecnologia social, da sua capacidade de produzir conhecimento, mas também de
transferir ele pra vida das pessoas”, destacou, lembrando que as discussões do
workshop seguem na parte da tarde com oficinas e consolidação das linhas de
pesquisas.
(Edição e postagem: Iara
Cruz)