Após 57 anos fora da escola, aluno da EJA sonha concluir o ensino fundamental

Secretaria Municipal da Educação

Autor: Redação Semed | Publicado em 15 de abril de 2019 às 16:55

  O idoso virou incentivador dos demais alunos da turma


“Nunca é tarde para a gente começar. Basta você querer e lutar pelo seu sonho”. As palavras de José Antônio de Barros Ferreira soam ainda mais motivadoras quando se conhece a sua história. Após 57 anos fora da sala de aula e muitas mudanças em sua vida, o senhor de 71 anos retornou à escola para realizar seu sonho de concluir o ensino fundamental, e hoje, é o aluno mais idoso matriculado na Educação de Jovens e Adultos (EJA), da Escola Municipal Beatriz Rodrigues da Silva, em Palmas.

 

 

Mas, sua trajetória não foi fácil. Natural de Miracema, seu José conta que passou por muitas dificuldades na vida, o que o impediram de continuar seus estudos para trabalhar duro e assim poder ajudar no sustento da família. “Com 8 anos fiz o primeiro ano, mas logo meu pai adoeceu, e eu e meus irmãos tivemos que parar de estudar para cuidar da roça”.

 

 

Segundo o aluno, as dificuldades da vida familiar o fizeram parar de estudar novamente ao concluir o 2º ano do ensino fundamental aos 14 anos de idade. E de lá para cá, a responsabilidade com o casamento, a chegada dos filhos e o ritmo intenso do trabalho o mantiveram longe de livros e cadernos, mas ao se mudar para Palmas e com o incentivo do filho Raphael, seu José viu na EJA ofertada pelo Município a oportunidade de concluir o ensino fundamental. “Meu filho dizia: pai você não sabe nem mexer num celular, tá muito atrasado, precisa voltar a estudar”, conta.

 

 

Com o incentivo do filho, senhor José voltou a estudar e hoje, cursando o 7º ano do ensino fundamental, é um dos 406 alunos matriculados nas turmas da Educação de Jovens e Adultos da Escola Beatriz Rodrigues. 

 

 

Sempre sorridente, o senhor de 71 anos, que divide seu tempo diário entre os cuidados com sua horta e os estudos, diz que a única coisa que o entristece é a falta do seu maior incentivador, o filho Raphael, morto em 2018. “Vou terminar os estudos para homenagear ele, e se Deus me der disposição e saúde, quem sabe até fazer uma faculdade, porque como se diz: o soldado morre, mas a guerra não para”.

 

A persistência do aluno mais velho da turma, conforme conta o professor de inglês, Alencar Libaino Tavares, é exemplo para os mais jovens. “A palavra chave é incentivo. Procuro mediar o tempo em sala de aula para poder acompanhar uma turma onde tem alunos de 15 anos e outros com mais de 60 anos. Mas, apesar disso, na classe há uma relação de muito respeito e cooperativismo entre os colegas, onde os mais jovens respeitam muito os mais velhos e os veem como um modelo a ser seguido”. 

 

 

Para a diretora da unidade escolar, Michelle Moraes, a Educação de Jovens e Adultos veio para garantir a inclusão às pessoas que não tiveram a oportunidade de estudar na idade certa. “Aos 71 anos, seu José é um exemplo de bom aluno, de persistência e de valorização da educação, e nós enquanto educadores ficamos felizes em trabalhar com esse público, porque isso completa a nossa missão que é a de oferecer educação a todos os públicos independente da idade”, conclui a educadora afirmando que da Escola Beatriz Rodrigues já saíram vários alunos da EJA que hoje estão cursando uma faculdade.

 

 


Edição e postagem: Lorena Karlla