Espetáculo 'Tumbeiros' e bate-papo com profissionais marcam abertura da Mostra de Dança da Cidade de Palmas

Fundação Cultural de Palmas

Autor: Samara Martins | Publicado em 14 de setembro de 2019 às 13:45

Apresentações de Grupos e Escolas de Dança seguem neste sábado, 14

A abertura da Mostra de Dança da Cidade de Palmas, nesta sexta-feira, 14, apresentou um recorte do que de melhor é produzido localmente com a exibição do espetáculo 'Tumbeiros', do coletivo Agulhas Cenas, no Theatro Fernanda Montenegro. A Mostra continua neste sábado, 14, às 19h, com apresentação dos grupos e escolas de dança locais. A noite contou ainda com um bate-papo entre profissionais da dança e o coreógrafo e bailarino Rui Moreira, que estava em Palmas ministrando a oficina, ‘O Corpo a Serviço da Subjetividade’ , do Programa Funarte de Capacitação Técnica em Artes Cênicas, em parceria com a Fundação Cultural de Palmas.


Tumbeiros

Com uma apresentação forte e precisa e ao mesmo tempo dolorida, 'Tumbeiros' une música, dança e teatro para trazer a memória de um passado não tão distante. O nome do espetáculo refere-se aos navios negreiros que transportavam gente escravizada na áfrica, e com eles a dor de quem tinha a liberdade arrancada por outra gente, que por ser diferente se sentia superior. No espetáculo temos a analogia com a dor do aprisionamento contemporâneo da ditadura dos padrões sociais.

Se 'Tumbeiros' trata da escravidão a partir dos navios negreiros, ele também faz uma crítica a escravidão moderna, a prisão dos padrões estéticos e sociais que acarretam em dores da alma e nos levam a depressão, a apatia, a solidão, aos ansiolíticos, a desistir. A busca por liberdade agora é conseguirmos ser nós mesmos… É possível não desmoronar? É um dos questionamentos do espetáculo, que conta com cenário, figurinos, música e iluminação em um arranjo cênico totalmente complementares à presença forte dos bailarinos, Renata Oliveira, Elton Fialho, Maria Antônia Dantas e Fabrício Ferreira, em cena.

Dança - O corpo a Serviço da Subjetividade

Após o espetáculo, o coreógrafo e bailarino Rui Moreira se reuniu aos profissionais e estudantes de dança presentes para um bate-papo de encerramento da oficina ministrada em Palmas ‘O Corpo a Serviço da Subjetividade’, do Programa Funarte de Capacitação Técnica em Artes Cênicas, em parceria com a Fundação Cultural de Palmas. Rui Moreira explica que as oficinas fazem parte de um momento muito importante no campo da formação artística, uma vez que os artistas desenvolvem métodos próprios que podem ser divididos com outras regiões do País. “Nisso de levar meus métodos eu também amplio meus conhecimentos, acontece uma troca riquíssima”, complementou.

“Nesse tempo aqui eu tratei da subjetividade. A subjetividade como um lugar, a maneira que eu lido com meu interior e como faço para comunicar toda a minha riqueza interior. A dança, o gesto é extremamente Subjetivo, ele depende da intenção para ser transformado em algo. Isso é um processo de elaboração, um espetáculo tem todo um processo de elaboração e negociações para comunicar algo”, afirmou a respeito da escolha da subjetividade como tema para as oficinas. “A subjetividade e as relações com o coletivo”, disse.

Moreira também falou sobre o cenário profissional, a necessidade de se reforçar socialmente que as artes também são profissão, o que vem se fortalecendo com o tempo , mas que ainda precisa ser reafirmado. “Hoje vemos as artes como profissão, profissionais sendo funcionários do estado, pelas artes. As artes também são importantes para desenvolvermos as humanidades. Precisamos pensar juntos como continuar desenvolvendo estratégias a partir do campo do sensível”.

Para a bailarina Liu Moreira, a oficina em Palmas “foi uma experiência magnífica, porque Rui é uma pessoa que se envolve em todas as áreas das artes. Ao logo da oficina a proposta dele não foi só a questão do movimento, a temática da subjetividade, mas também o debate, a troca de experiências. Então isso foi algo único. Eu também sou professora, então somou muito, pois a troca também pode ser levada para a sala de aula”, frisou.

No encerramento do bate-papo, o presidente da Fundação Cultural de Palmas, Giovanni Assis, agradeceu a Rui Moreira “pela bagagem que trouxe a Palmas” e reafirmou o compromisso da Fundação Cultural de Palmas em “buscar cumprir nosso papel institucional em efetivar oficinas e outros momentos de formação profissional para os artistas locais”.