
Palmas 30 anos – personagens da história: Conheça Dora, agente de Saúde por vocação, que há 25 anos atende a comunidade do Jardim Aureny III
Dedicada, Dora acredita que o agente de saúde é mais que um mero servidor público
Há quem diga que existem anjos na Terra
que surgem em diversos momentos para nos ajudar na caminhada. Para a dona de
casa Maria das Mercês Ferreira Lima e a aposentada Expedita Torquato Oliveira,
ambas moradoras do Jardim Aureny III, existe um anjo com nome e sobrenome:
Doraci de Oliveira Pinheiro da Cruz, que atua como agente comunitária saúde no
Centro de Saúde da Comunidade Laurides Milhomem.
Dora, como é conhecida por todos, tem
um sorriso fácil, uma alegria que contagia, muita disposição em ajudar e
orgulho da sua profissão: agente Comunitário de Saúde, também denominada como
cartão de visitas dos serviços públicos.
Quando ainda atuava no CSC Liberdade,
Dora foi a primeira agente de Saúde de Maria Mercês, mas com a abertura de
novas unidades no setor foi transferida para o CSC Laurides. Entretanto, a
amizade entre as duas permanece. “A Dora é ótima, ela foi muito boa agente de Saúde para mim. Me ajudou muito, inclusive meu menino mais velho gosta demais
dela e os outros também. Só que os outros conviveram menos com ela. Mas todos
gostam muito dela. Se ela voltar pra nós de novo, a gente vai amar”, declara
Mercês acompanhada da neta Laura Vitória de 3 anos.
Atualmente, Dora tem outros usuários do
Sistema Único de Saúde da Capital sob sua responsabilidade. Entre eles está a
aposentada Expedita Torquato que têm vários problemas de saúde, inclusive
depressão. Prestes a receber alta do tratamento contra hanseníase, a aposentada
se viu sozinha, sem ninguém e por diversas vezes pensou em tirar a própria
vida.
“Primeiramente Deus, depois foi Dora na
minha vida. Eu estava só, dentro desse apartamento, não tinha uma pessoa para
conversar, todos se afastaram com medo de pegar o problema (hanseníase) e não
pega. Eu passava todo dia chorando e agoniando a Dora, sem deixar ela dormir.
Eu tava morrendo em cima dessa cama, eu passei seis meses assim, toda comida do
mundo eu abusei. Ficava inchada, chorava, eu queria morrer. Um dia eu disse:
Dora eu estou com um horror de comprimido aqui, estou escolhendo qual o que
mata. E ela me disse: tu não está doida não. Ela passou a noite todinha me
procurando para saber seu tinha tomado o remédio”, conta rindo, lembrando as
conversas por whatsapp e reconhecendo
que o apoio de Dora foi fundamental durante esse processo.
“Eu tinha medo de chegar aqui e
encontrar ela morta. Mas agora ela está bem. Tem horas assim que ela fica para
baixo e ela me fala e eu aconselho. Eu jamais vou chegar e falar algo para
deixar mais para baixo, a gente tem que levantar a autoestima da pessoa”,
ressalta Dora.
“Mãe ela não pode ser, porque não tem
idade para ter uma filha de 61 anos, mas ela é minha irmã, minha amiga”,
complementa Expedita.
Dora tem 50 anos, há 25 atua como
agente de Saúde, ama o que faz e pensa em se aposentar na mesma função. “Eu
entrei no serviço público como agente de saúde em 1994. Eu agradeço muito
a Deus por ter me dado esse serviço e pela família que tenho. Eu estou aqui e
defendo a camisa que eu visto. E se eu não gostasse teria procurado outras
promoções e quero me aposentar como agente de saúde”, ressalta, Dora que
enxerga outras atribuições no dia a dia da sua profissão. “O agente de saúde
não é só agente. Ele se torna psicólogo, serviço social, ele se torna amigo,
família. Porque parente não é só o de sangue, é a consideração também e eu
tenho muita consideração com a minha comunidade, o que eu puder fazer eu faço”,
conclui.
Edição e postagem: Lorena Karlla