
Residentes da Fesp desenvolvem projeto que visa à qualidade de vida dos servidores
Projeto trabalhou autoconhecimento, manejo da ansiedade, resolução de conflitos e até educação financeira
Cuidar de pessoas é a rotina dos trabalhadores do Sistema Único de Saúde
(SUS), trabalho que exige não só técnica e conhecimento, mas dedicação, disciplina
e amor ao próximo. Mas e quando um trabalhador do SUS adoece, quem cuida dele?
Pensando na qualidade de vida desses profissionais, residentes do programa de
Saúde Coletiva e do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) desenvolveram o
projeto piloto Qualidade de vida no trabalho no Centro de Saúde da Comunidade
Hermes Damaso, no Setor Sul, que contou com a adesão de 25 profissionais.
No encontro de encerramento realizado na manhã desta quinta-feira, 13,
não faltou quem quisesse agradecer pelo autoconhecimento adquirido ao longo dos
encontros quinzenais. “Para mim pessoalmente, me fez abrir um pouco mais a
cabeça no sentido de cuidar um pouco mais da minha saúde, do meu bem estar,
para que eu não chegue a adoecer de uma forma mais grave, mais séria, mas que
eu possa estar bem comigo mesmo para que atender os pacientes da melhor forma
possível”, pontua o médico de Saúde da Família, Leonnan Diniz, acrescentando
que os encontros proporcionaram mais interação entre os colegas de equipe,
fortalecendo vínculos.
A técnica em Enfermagem, Francisca Ribeiro, acredita que a equipe está
mais unida. “Foi muito bom a questão do convívio com os colegas, a gente tem
mais união, tem mais compreensão um com o outro. Às vezes a gente pensa que
está certo e não dá ouvidos ao outro e aqui aprendemos a ouvir o lado do outro
também, isso é muito importante”, pondera Francisca que atua no setor de
triagem da unidade.
De acordo com o coordenador do Centro de Saúde, Irineu Santos, as
melhorias refletem no cuidado com a comunidade. “Esse projeto veio a somar para
toda a equipe, a gente vê o efeito no dia a dia, notável até com a comunidade,
porque pudemos nos autoavaliar tanto na questão de controle emocional diante
das diversas situações tanto no ambiente de trabalho como no âmbito familiar e
pessoal de cada um. Houve mudança de comportamento na hora de lidar com uma
questão de conflito, autocontrole para lidar com a situação, a equipe começou a
produzir com mais qualidade”, pontua Santos.
Valorização do servidor
O projeto consistiu em seis encontros a cada 15 dias, com uma hora de
duração cada, e trabalhou questões como autoconhecimento, técnicas de
respiração para o manejo da ansiedade, orientações nutricionais, orientações
para atividades físicas, aplicação da auriculoterapia, momentos de resolução de
conflitos e organização e educação financeira. “Quando se fala em qualidade de
vida, a gente tem que entender o sujeito como um ser biopsicossocial, tem que
trabalhar nas esferas psicológicas e social para que ele sinta bem por
completo. Então esse projeto tem por objetivo o reconhecimento do trabalhador
para que ele se sinta valorizado e que isso venha repercutir no trabalho dele,
porque a gente acredita que um trabalhador que tem qualidade de vida, ele
produz melhor, ele se sente mais à vontade para interagir no seu ambiente de
trabalho”, ressalta uma das idealizadoras do projeto, a fisioterapeuta
residente, Emery Morais.
“Esse foi nosso projeto aplicativo de conclusão de residência, foi um
ano e meio idealizando até chegarmos nesse formato ouvindo as demandas do
trabalhador e que deu certo aqui. Esperamos que esse projeto seja replicado em
outras unidades, para que efetivamente possamos cuidar de quem cuida da
comunidade”, conclui a psicóloga residente Even Amanda Alves.
Edição e postagem: Lorena Karlla