Fundação Escola de Saúde Pública de Palmas
Autor: Redação Semus | Publicado em 12 de junho de 2019 às 16:57
Programação conta com palestras, mesas redondas e oficinas
Desconstruir e ressignificar práticas e dar o apoio necessário aos
profissionais para a abordagem adequada aos pacientes são os objetivos
principais do I Fórum de Sexualidade em Saúde que acontece até sexta, 14, na
Capital. A abertura realizada no Centro Universitário Integrado de Ciência,
Cultura e Arte da Universidade Federal do Tocantins (Cuica/UFT), contou com a
presença de especialistas em sexualidade, profissionais da rede de saúde
municipal e acadêmicos.
Num bate papo descontraído, as especialistas em Saúde Coletiva, Cristina
Vasconcelos e Carolina Freitas, ressaltaram que o evento vem sendo planejado há
dois anos por ser uma temática importante e emergente nos dias atuais. “É um
tema que ainda é um tabu e cercado de preconceitos, mas que faz parte da
natureza humana e tem necessidade de ser discutidos não só entre os
profissionais, mas também com aqueles que estão se preparando para o mercado de
trabalho, a classe acadêmica”, pontuou Carolina.
Cristina complementou que a ideia do Fórum surgiu ao detectar na
prática, a dificuldade dos profissionais em abordar o assunto com os pacientes.
“Muitos acham que sexualidade é o ato sexual em si. Vai muito além disso. Sexo
é diferente de identidade de gênero, orientação sexual, sexo biológico. E falar
de sexualidade é uma questão de saúde pública com destaque para as Infecções
Sexualmente Transmissíveis, gravidez na adolescência e indesejada, violência
contra o público LGBT”, destacou.
Para as especialistas, a abordagem do tema esbarra em tabus,
preconceitos, timidez, desconhecimento, insegurança, ausência ou educação
sexual, machismo, conservadorismo social e religioso, tanto por parte dos
profissionais e quanto dos pacientes.
A dificuldade de abordagem também foi relatada pelo maquiador Douglas
Tavares, diagnosticado com HIV/Aids há quatro meses. “O preconceito partia de
mim mesmo, de chegar no postinho e pedir para fazer o exame específico, eu
achava que o exame de sangue normal já detectaria”, ressaltou, lembrando que o
diagnóstico veio durante o tratamento de dengue, onde um profissional de saúde
acabou solicitando o exame de cargas virais. “Na abordagem do médico, ele me
perguntou o que eu sabia da doença e que haviam feito esse exame e eu prontamente
afirmei que tinha dado negativo e ele disse não. Conversou comigo, se colocou à
disposição e me encaminhou para o Henfil onde eu faço o tratamento com
profissionais muito dedicados que me ajudam muito”, disse.
Douglas destaca que o acolhimento dado pelos profissionais de saúde tem
sido fundamental. “O paciente precisa ter um amparo emocional nessas horas
porque o preconceito é grande. Eu mudei minha maneira de enxergar a vida,
amadureci muito. Entendi que não era o fim e que dá para viver com qualidade”,
finalizou.
Pela manhã, o Fórum ainda proporcionou uma mesa redonda mediada pela enfermeira Mirian Almeida
(UFT) sobre Ciclos de vida e Sexualidade com a
Médica ginecologista e sexóloga Ana Virgínia Gama sobre Sexualidade em Adultos
e Gestantes; a Enfermeira Daniella Pires Nunes (UFT), especialista em Saúde do
Idoso; e a Enfermeira e sexóloga Sâmia Chabo (SES), especialista em sexualidade
dos adolescentes.
O Fórum foi idealizado por residentes do programa de Residência em Saúde Coletiva ofertado pela Fundação Escola de Saúde Pública (Fesp), que tiveram respaldo da Secretaria Municipal de Saúde (Semus) e contaram com a parceria da Professora Doutora Mirian Almeida e do Professor Doutor Ulisses Vilela do Curso de Enfermagem da UFT, através do Projeto Sexualidade Responsável. O evento é voltado para os profissionais da Rede de Atenção à Saúde de Palmas, incluindo residentes, estagiários e acadêmicos da área da saúde das faculdades particulares e públicas.
Confira a programação
Dia 12 (quarta)
14 horas - Roda de Conversa: Abordagem sobre manejo com população LGBTI+
com o médico Alexandre Janotti e representante da população LGBTI+
14h30 - Debate
15 horas - Perfil epidemiológico: Apresentação do perfil epidemiológico
das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e de violência sexual em Palmas
pelo Mestre e Biomédico Rafael Brustulin e Psicóloga Especialista em Saúde
Coletiva Isabela Monticeli
17 horas - Palestra: O atendimento à pessoa vítima de violência sexual
na Rede de Atenção à Saúde de Palmas com representante do Serviço de
Atendimento à Violência Sexual
17h30 - Debate
Dia 13 (quinta)
8 horas - Mesa Redonda: A realidade da prática profissional e do serviço
de saúde frente às informações sobre sexualidade e ao perfil epidemiológico
mediado pela Enfermeira Luciana Noleto (Semus)
Temáticas: Realização de Teste Rápido na Rede de Saúde de Palmas
(Assistente Social responsável pelo manejo de TR, Ieda Nogueira);
Descentralização do Cuidado da Pessoa Vivendo com HIV/Aids (Médico especialista
em doenças tropicais do Henfil, Alexandre Janotti); Odontologia frente às ISTs
(Cirurgiã dentista especialista em saúde da família e residente de saúde
coletiva, Ana Paula Barbosa)
10 horas - Roda de conversa: Sexualidade e o enfrentamento das ISTs na
sociedade mediado pela psicóloga Virgínia Fragoso (Semus)
Temáticas: O papel do NASF no atendimento da sexualidade do paciente e
no enfrentamento das IST e violência sexual (Giuliano do NASF); A abordagem da
sexualidade no âmbito escolar (representante da Secretaria Municipal de
Educação); A justiça como apoio às vítimas de violência e da realização das políticas
públicas (Advogado e especialista em Gestão Pública Marcus Senna)
14 horas - Workshop com Agentes Comunitários de Saúde: Como trabalhar a
sexualidade e Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) na comunidade - O
papel do Agente Comunitário de Saúde, mediado pelas Especialistas em Saúde
Coletiva Enfermeira Carolina Freitas e Psicóloga Cristina Vasconcelos e pela
Dra. Mirian Almeida (UFT).
Dia 14 (sexta)
8 às 12 horas - Atividade em pequenos grupos: Discussão e construção de
propostas
Grupos:
- As dificuldades da intersetorialidade da sexualidade (saúde, educação
e jurídico)
- O cenário epidemiológico das ISTs e da violência sexual e medidas de
combate
- A formação do profissional de saúde para abordagem da sexualidade
- Comportamento de risco e Prevenção combinada
14 horas - Debate: Discussão sobre as propostas e escolha das
prioritárias para compor o plano de enfrentamento das ISTs. Mediação:
Enfa. Dra. Daniela Rosa (UFT)
17 horas - Encerramento