
Prefeitura e parceiros visitam e orientam travestis em Palmas
Durante a visita, as travestis receberam informações sobre direito e cidadania, utilização do nome social e mudança de sexo
Onze travestis que
frequentam diversos pontos em Palmas receberam na noite desta quinta-feira, 16,
a visita de representantes da Superintendência de Promoção das Políticas
Públicas aos Direitos Humanos de Palmas, do Núcleo Aplicado das Minorias e
Ações Coletivas de Palmas (Nuamac) Palmas, da Defensoria Pública do Estado do
Tocantins (DPE-TO), e da Associação das Travestis e Transexuais do Estado do
Tocantins (Atrato). O objetivo foi ouvir as demandas que esta população apresenta.
A iniciativa se deu após
reunião de todos os órgãos envolvidos na visita, em que foi constatada a
dificuldade das travestis e transexuais procurarem os órgãos públicos durante o
dia, por trabalharem à noite, dificultando o acesso aos seus direitos.
Na oportunidade, o superintendente
de Promoção das Políticas Públicas aos
Direitos Humanos de Palmas, João
Paulo Procópio Vieira Silva, anunciou às travestis e transexuais a
instalação de um ambulatório de mastectomia (retirada da mama), e hormonização (mudança de sexo), para homens e mulheres transexuais, em parceria com o Hospital Universitário de Goiânia, até o mês de julho, que funcionará dentro do
Ambulatório Municipal de Atenção à Saúde (Amas). “No próximo dia 03, técnicos
do Ministério da Saúde estarão visitando a estrutura de Palmas para esse
público”, disse.
Durante a visita as travestis
receberam informações sobre direitos e cidadania, acesso a direitos, como utilização
do nome social, mudança de sexo, orientação jurídica sobre preconceito sofrido
no dia a dia e direitos sobre adoção e família.
A Defensora Pública e coordenadora do Núcleo Aplicado das Minorias e Ações Coletivas de Palmas
(Nuamac), Leticia Amorim, ressalta que a visita teve como principal objetivo
levar a cidadania de forma efetiva para essas pessoas. “Estamos procurando
fazer esse trabalho de acolhimento para poder dar encaminhamentos e colocar à disposição desse
público a Defensoria Pública, pois
estas pessoas têm dificuldade de chegar
até nós”, disse.
Demandas
As visitas aconteceram em
quatro pontos da Capital, dentre eles, as quadras 103 Norte, 103 Sul, a Avenida
JK e a Avenida Teotônio Segurado. Dentre
as demandas apresentadas estão a criação de vagas de emprego e oferta de cursos profissionalizantes para a inserção no mercado de trabalho.
Outra demanda reivindicada foi
a efetivação de políticas públicas voltadas para a segurança das travestis e
transexuais, próximo aos pontos em que elas ficam. “As travestis trabalham à
noite e muitos sofrem agressões, pois não têm segurança nenhuma nos pontos de trabalho”, disse Byanca Marchiori.
Para a presidente da
Associação das Travestis e Transexuais do Estado do Tocantins (Atrato), Byanca
Marchiori, a visita é uma forma de desconstruir junto à sociedade o preconceito que existe com as travestis e transexuais.
“A visita foi muito importante para que as travestis e transexuais fossem
ouvidos em suas reivindicações e demandas, como mais segurança e políticas
públicas na área da saúde e educação”, disse.
Ainda de acordo com
Marchiori, um dos maiores problemas enfrentados por este público é a falta de
emprego. “As empresas privadas não empregam transexuais e nem travestis porque
o preconceito ainda prevalece. Isso precisa ser desconstruído”, disse.
Para o superintendente de
Promoção das Políticas Públicas aos Direitos Humanos de Palmas, João Paulo
Procópio Vieira Silva, muitas travestis e transexuais optam pela prostituição
como meio de sobrevivência. “Nós temos vários
casos, inclusive de uma travesti que trabalha na pista para pagar a faculdade”,
disse.
Silva ainda falou sobre a dificuldade
das travestis em se inserirem no mercado de trabalho. “A dificuldade para a inserção no mercado de
trabalho é um problema sério para elas. Temos, por exemplo, uma travesti que
estava indo bem na seleção para emprego, quando notaram que havia
inconsistência no nome do documento de
identidade, com o nome apresentado no currículo, ela foi eliminada da seleção”,
disse.
(Edição/postagem: Iara Cruz)