Secretaria da Saúde alerta para a incidência do caramujo africano
Biólogos do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), da Secretaria Municipal de Saúde (Semus) inspecionam nesta sexta-feira, 24, às 14h, um terreno baldio na Quadra 110 Norte, Alameda 21, Lote 39, onde, segundo os moradores, estão concentrados cerca de três mil caramujos. “Nunca vi nada igual. Só ontem à noite, recolhi 39 bichos na parede de minha casa”, enfatiza Elton Pula, jornalista.
De acordo com Jorge Luiz de Souza, biólogo do CCZ, o molusco é o “Caramujo Africano”, uma espécie considerada praga em diversos países, que foi introduzido ilegalmente no Brasil na década de 80, com o intuito de oferecer um susbtituto mais interessante economicamente e de maior peso que o escargot verdadeiro (Helix aspersa). “Em pouco tempo de criação se verificou que o animal não tinha boa aceitação pelo mercado consumidor brasileiro, o que provocou a desistência da maioria dos criadores, que se desfizeram dos animais de forma errada, liberando os caramujos em jardins, matas ou simplesmente colocando-os no lixo”, explica.
Recolhimento
O biólogo enfatiza que, pelo fato de não existir um caramujicida (veneno) eficaz para combater o molusco, é necessário que os bichos sejam coletados, salgados e acondicionados devidamente em recipientes plásticos. “Na hora da coleta, é necessário se utilizar luvas descartáveis, pás, e colocar o animal dentro de sacos plásticos mais resistentes, jogar sal, amarrar forte e jogar no lixo, em horário bem próximo da coleta pública” – orienta Jorge Luiz, justificando que “os caracóis e lesmas em geral, são muito resistentes a venenos e os produtos comerciais disponíveis demonstram elevada toxicidade para os seres humanos e outros animais, de forma que a utilização de pesticidas não é o método de controle atual mais indicado para estes moluscos”.
Segundo o especialista do CCZ, “ao iniciar a busca do caramujo africano no quintal, verifique bem os cantos dos muros, as paredes onde não bate muita luz e os lugares em que possa haver acúmulo de galhos, restos de poda, folhas, madeiras, tijolos furados”, alerta.
Prevenção
Manter quintais sempre limpos, sem entulhos onde o molusco possa se esconder. Adicionar palha de arroz às plantas, hortas e vasos ornamentais. Em caso de adubos e terras que forem adicionados, verificar se existe ou não a presença de ovos ou pequenos caracóis.
Doenças
A preocupação com o caramujo africano é a transmissão de doenças raras como a Angiostrongilíase meningoencefálica humana, cujos sintomas são dor de cabeça forte e constante, rigidez na nuca e distúrbios do sistema nervoso.
Outra doença transmitida pelo caramujo é a Angiostrongilíase abdominal, que causa perfuração intestinal e hemorragia abdominal. Os sintomas são dor abdominal, febre prolongada, anorexia e vômitos.
A contaminação pode ocorrer por ingestão ou pela simples manipulação dos caramujos vivos, sem devida proteção. Os vermes são encontrados na secreção dos moluscos.