
Tabagismo: A saga de quem luta para vencer vício
Parar
de fumar não é fácil, mas é possível. Garantem os profissionais da Secretaria
Municipal de Saúde (Semus) que já há algum tempo auxiliam pessoas a largar o
cigarro e a ter uma vida longe do tabagismo. Nesta quarta-feira, 31, é
comemorado o Dia Mundial Sem Tabaco, e o tema escolhido pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) é “Tabaco: uma ameaça ao desenvolvimento”.
Em
Palmas, existem três unidades que trabalham diretamente com grupos de
tratamento do tabagismo: o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras
Drogas (CAPS AD III) que tem um grupo voltado aos pacientes em tratamento no
próprio local; o Centro de Saúde da Comunidade da Arso 41, com reuniões
acontecendo no Parque do Idoso, uma parceria efetiva realizada com a Secretaria
do Desenvolvimento Social desde 2016; e o Centro de Saúde da Comunidade da Arno
71, cujas reuniões acontecem em uma igreja próxima ao CSC.
“Entre
os anos de 2016 e 2017 já participaram desses grupos um total de 42 usuários.
Destes, 38% cessaram totalmente o fumo e 19% reduziram a quantidade de fumo
diário consumido”, reforça a coordenadora de Promoção da Saúde e Fatores de
Risco e do Programa de Controle do Tabagismo de Palmas (ambos desenvolvidos
pela Semus), Nadja Figueiredo, adiantando que a expectativa é que até o final
do ano, seja criado um grupo em cada um dos oito territórios de saúde.
Um
exemplo é o vendedor de veículos Sandro Guerra, 45 anos, que fumou durante 30
anos, mas após fazer o tratamento ano passado, deixou de fumar e garante que é
em definitivo. “Comecei a fumar por volta dos 15 anos, seguindo o exemplo do
meio pai, achava a coisa mais linda ver ele fumando”, conta Guerra, que decidiu
parar de fumar por sentir os danos causados pelo cigarro; ele fumava de duas a
três carteiras por dia.
“Estava
me prejudicando, já sentia vários sintomas decorrentes do tabagismo, cansaço,
falta de fôlego, e também a pressão porque hoje em dia o fumante é excluído. Em
casa também era o único fumante, mas nunca me influenciaram a nada, partiu de
mim mesmo. Acho que quando você quer parar não é ninguém que vai te dizer. Já
tinha largado uma vez num período curto, mas não estava determinado a largar,
agora é definitivo”, garante ele, que está há sete meses sem fumar.
Iniciando o tratamento
Na
última quinta-feira, 25, um novo grupo iniciou o tratamento no Parque do Idoso.
Entre eles, estão Marlene Conceição de Oliveira, 52 anos, e Pedro de Castro
Araújo, 65 anos, que fuma há de 40 e 50 anos, respectivamente. “Comecei a fumar
aos nove anos porque todo mundo fumava, comecei escondido, mas logo todos já
sabiam. Já tentei largar várias vezes inclusive com medicação, deixava de
comprar porque daí não teria o cigarro para fumar, mas aí quando eu procurava o
cigarro e não achava me dava um desespero. Fumo duas carteiras por dia. Vou me
esforçar pra largar, mas é muito difícil”, desabafa a dona de casa Marlene, que
mora no Jardim Aureny IV.
O
senhor Pedro conta que já tentou parar de fumar sozinho, mas agora buscou ajuda
para não dar mau exemplo aos netos. “Já joguei carteira fora e fui buscar. Papai
fumou uns 50 anos e conseguiu largar, morreu aos 95 anos longe do vício e
sempre dizia que é falta de vergonha não conseguir parar. Tenho esperança de um
dia conseguir, tenho netos e não fumo perto deles para não dar mau exemplo”,
afirma senhor Pedro que fumava até três carteiras de cigarro por dia, mas há 30
dias iniciou o tratamento e já faz uso de adesivo.
Metodologia
O
trabalho no Parque do Idoso é coordenado pelo médico de saúde da família,
Álvaro Ferreira da Silva. Foi iniciado em 2016 com dois grupos e nesse ano já
foram formados cinco grupos. O tratamento
é feito em quatro sessões, uma vez por semana, que dura em torno de uma hora, e
mais duas sessões de reforço a cada 15 dias após dessas quatro. Depois os
pacientes ainda têm acompanhamento por mais seis meses. Os pacientes usam
antidepressivo específico, adesivos, chicletes e balas.
“A
gente não desiste do paciente, o tabagismo está aí para viciar as pessoas e a
gente está na contramão para desviciar. É muito difícil largar, mas a
porcentagem de sucesso aqui no grupo é de 65%. Então a pessoa se conscientizar
que sem fumar vai ser melhor é muito difícil. Mas não é impossível. Fumar não é
natural”, ressalta o médico.