
Histórias de Amor a Palmas: Árias e Damares, duas vidas dedicadas à educação palmense
“Valeu demais. Tudo o que foi buscado por nós aqui, alcançamos”, disse Árias
Entre os muitos pioneiros que chegaram a Palmas no ano de 1992, o casal Damares Neiva Soares, 68 anos, e Árias Soares Silva, 75 anos, iniciavam uma nova fase em suas vidas, marcada pela dedicação à educação e pelo amor a esta terra que os adotou. O casal é personagem da segunda matéria da série especial em comemoração aos 36 anos da capital do Tocantins – Histórias de Amor a Palmas, que traz relatos de amor pela cidade. Imagens dos bastidores também podem ser conferidas pelas redes sociais da Prefeitura de Palmas @cidadepalmas.
Ele é natural de Imperatriz (MA), mas morava na cidade natal da esposa, Cristalândia, quando Damares foi aprovada no primeiro concurso promovido pelo Estado do Tocantins, época em que os três filhos ainda eram pequenos, André, Adriano e Lívia. Os dois professores aposentados contam que passaram por muita dificuldade nos primeiros anos da Capital. Havia poucas casas e muita poeira, mas também uma frenética atividade e desenvolvimento tanto da cidade quanto de seus moradores. Damares era professora formada pelo antigo curso normal. O curso de pedagogia já foi feito em Palmas, nas primeiras turmas da Unitins. Passou por escolas estaduais como Madre Belém e Colégio Militar, onde se aposentou. Na rede municipal lecionou na Escola Municipal Anne Frank. “Não havia asfalto na maioria das avenidas e ruas, os carros atolavam e davam pane em dias de chuvas torrenciais. Mas era um tempo maravilhoso”, lembra.
Árias já buscava oportunidades na recém criada capital quando se mudaram definitivamente. Seu primeiro emprego foi na Escola da Ulbra (Ulbrinha), como professor de piano e teclado. Lá permaneceu por quatro anos e contribuiu para a implantação do primeiro coral da cidade. Foi aluno da primeira turma do curso de pedagogia da Ulbra. “Formávamos um grupo coeso, muito bom. Os alunos eram em sua maioria filhos dos primeiros servidores estaduais. A gente trabalhava sempre um pouco sujo de poeira”, recorda com alegria. Ele também trabalhou no Centro de Atenção Integral à Criança e Adolescente (Caic), no Jardim Aureny IV, e na rede particular e no município, ao mesmo tempo que também estimulava a formação musical de jovens na igreja da qual ainda é pastor.
O início da construção de uma das primeiras casas na Arso 41 (403 Sul) é lembrado com saudade. Ainda sem muro, eles viam as aterrissagens e decolagens dos aviões, tomavam banho nas águas geladas do córrego Brejo Comprido e, em uma cidade ainda sem prédios, conseguiam ver o Palácio Araguaia. No terreno próximo que viria a ser uma loja de departamentos, ficava a grande floresta onde os filhos tiveram o privilégio de ter uma infância diferenciada. “Ali ficava o campo de futebol, a pista de bicicleta, os locais onde eles brincavam. Era por volta de 1994 e 95”, contextualiza Damares.
“Era nosso reino encantado. Cada um tinha sua árvore preferida, entre pés de pequi, murici e puçá. Mas um dia chegaram os tratores e derrubaram árvores conhecidas desde que a gente era criancinha. É uma consequência do crescimento da cidade, mas nesse dia eu chorei”, conta André, o filho mais velho. Hoje, com os filhos adultos, e já ajudando a criar os netos, o sentimento é que a vinda para Palmas foi uma feliz escolha. “Valeu demais. Tudo o que foi buscado por nós aqui, alcançamos. Tanto que hoje eu jamais deixaria Palmas por nenhuma outra cidade. Meu coração está aqui”, confessa Árias.
“Não temos vontade de nos mudar. Já tivemos oportunidade de morar até fora do Brasil, mas não quisemos. É daqui para subirmos à Nova Jerusalém”, se diverte Damares. A nova geração da família já conta com seis netos. Jasmine, Anabelle, Ana Flor, Pedro, Benjamim e Leo.
Anabelle, que chegou a desenvolver com o pai a paixão pelo futebol, quer buscar em cidades mais antigas exercer sua vocação, voltada ao estudo da história. “Mas esta cidade estará sempre em meu coração, não importa onde eu esteja”, diz. A irmã Jasmine, que já estuda direito na Universidade Federal do Tocantins (UFT), pretende ficar. “A cidade cresceu e evoluiu muito, mas ainda é muito jovem. Vale a pena ficar e construir uma vida aqui”, conclui.
Texto: Rogério Franco
Edição: Denis Rocha