25 setembro 2017 às 10:52

O mercado está para peixe

Produtores palmenses apostam na piscicultura para garantir renda familiar e garantir o abastecimento local; Seder oferece assistência técnica para viabilizar produção

Com o suporte da Secretaria de Desenvolvimento Rural (Seder), cresce a cada dia mais o número de pessoas interessadas em investir no mercado de peixe em Palmas. Os piscicultores ganham assistência técnica e extensão rural específica na aquicultura, com atendimentos por meio de cursos, capacitações e palestras sobre temas como a nutrição, qualidade da água, suplementação alimentar, boas práticas de manejo, dentre outros assuntos pertinentes à piscicultura.

 

Outro ponto forte desenvolvido pelos técnicos da Seder é a promoção de eventos como o Dia de Campo, que promove a troca de experiências entre produtores e novos investidores que desejam atuar no segmento alvo do evento, além da divulgação das tecnologias implementadas e rotina da produção.

 

A crise econômica no país trouxe reflexos negativos que afetaram diretamente o mercado de trabalho. O fechamento de empresas deixou milhões de brasileiros sem ocupação formal e muitos tiveram que se redescobrir para garantir o sustento da família. Caso ocorrido com o encarregado de obras José Ribamar Barbosa dos Santos, de 52 anos, que trabalhou na construção civil por 17 anos. “Estou dando os primeiros passos na piscicultura e já comemoro o primeiro ano de trabalho duro.”

 

Com orientação técnica das equipes da Seder em todas as etapas da produção, o piscicultor implantou em sua propriedade rural na região Sul da Capital, um bag fish, tipo de tanque suspenso que não necessita de perfuração do solo ou de grande quantidade de água; e um tanque-rede no Lago de Palmas, localizado no Parque Aquícola Sucupira. Segundo o produtor, a intenção é implantar mais quatro tanques-rede para tornar a produção auto-sustentável. “Investi inicialmente R$ 5 mil, que ainda não tive retorno, mas espero conseguir logo”, disse o piscicultor.   

 

Engorda de tambaqui

 

 

Atualmente, Santos está com 700 unidades de tambaquis em processo de engorda, que precisam atingir a partir de um quilo para então serem comercializados. “Os peixes demoram cerca de nove meses para chegar ao tamanho e peso ideais. Na minha produção, isso deve ocorrer entre março e abril”, explicou. Ele afirmou ainda que está nos planos a introdução das espécies piau e pintado. O manejo dos peixes conta com a ajuda de sua esposa, bem como de um funcionário que alimenta os animais no tanque-rede.


Quem também está iniciando uma pequena produção de peixes por meio do tanque bag fish é o coordenador de uma unidade terapêutica pertencente à Comunidade Cristã Evangélica Rhema, Domingos Ferreira de Souza, 54 anos. O local funciona na região Sul de Palmas e atua na recuperação de dependentes químicos. A produção começou há cerca de oito meses com a criação de 2.200 peixes e abastece o consumo da unidade, que conta com um total de 25 homens acolhidos. Além disso, o excedente será comercializado e a renda revertida para a manutenção da unidade.

 

“Estamos recebendo toda a orientação necessária para ter êxito na produção, além da assistência que já é dada na nossa horta e na criação de galinhas caipiras”, explica Souza.

 

Produção na Capital

 

Basicamente, a piscicultura em Palmas é desenvolvida em torno da produção de espécies em tanques-rede, bag fish e tanques de ferrocimento. Também existe produção em tanques escavados, mas que é dificultada durante o período de estiagem. A Seder orienta atualmente cerca de 70 produtores.

 

Muitos piscicultores organizam a produção para que a retirada coincida com a Semana Santa, em abril, momento em que a venda do pescado tem expressivos resultados. Prova disso foram os resultados obtidos em 2017. Nas sete feiras da cidade foram comercializados 319,400 mil quilos de peixe, o que rendeu mais de R$ 3 milhões em vendas. Sendo que parte desse pescado foi advinda da produção local e a outra foi abastecida por peixes originários de outros municípios do Tocantins.

 

O público rotativo na época girou em torno de 60 mil pessoas, que gastaram uma média de R$ 50 por pessoa e consumiram uma média de cinco quilos cada.  O campeão de vendas foi a caranha, espécie comumente comercializada em Palmas, junto com surubim, pintado, tambaqui, piau e pirarucu.