
O mercado está para peixe
Produtores palmenses apostam na piscicultura para garantir renda familiar e garantir o abastecimento local; Seder oferece assistência técnica para viabilizar produção
Com o suporte da Secretaria
de Desenvolvimento Rural (Seder), cresce a cada dia mais o número de pessoas
interessadas em investir no mercado de peixe em Palmas. Os piscicultores ganham
assistência técnica e extensão rural específica na aquicultura, com
atendimentos por meio de cursos, capacitações e palestras sobre temas como a
nutrição, qualidade da água, suplementação alimentar, boas práticas de manejo,
dentre outros assuntos pertinentes à piscicultura.
Outro ponto forte
desenvolvido pelos técnicos da Seder é a promoção de eventos como o Dia de
Campo, que promove a troca de experiências entre produtores e novos
investidores que desejam atuar no segmento alvo do evento, além da divulgação
das tecnologias implementadas e rotina da produção.
A crise econômica no país
trouxe reflexos negativos que afetaram diretamente o mercado de trabalho. O
fechamento de empresas deixou milhões de brasileiros sem ocupação formal e
muitos tiveram que se redescobrir para garantir o sustento da família. Caso
ocorrido com o encarregado de obras José Ribamar Barbosa dos Santos, de 52
anos, que trabalhou na construção civil por 17 anos. “Estou dando os primeiros
passos na piscicultura e já comemoro o primeiro ano de trabalho duro.”
Com orientação técnica das
equipes da Seder em todas as etapas da produção, o piscicultor implantou em sua
propriedade rural na região Sul da Capital, um bag fish, tipo de tanque
suspenso que não necessita de perfuração do solo ou de grande quantidade de
água; e um tanque-rede no Lago de Palmas, localizado no Parque Aquícola
Sucupira. Segundo o produtor, a intenção é implantar mais quatro tanques-rede
para tornar a produção auto-sustentável. “Investi inicialmente R$ 5 mil, que
ainda não tive retorno, mas espero conseguir logo”, disse o piscicultor.
Engorda
de tambaqui
Atualmente, Santos está com 700 unidades de tambaquis em processo de engorda, que precisam atingir a partir de um quilo para então serem comercializados. “Os peixes demoram cerca de nove meses para chegar ao tamanho e peso ideais. Na minha produção, isso deve ocorrer entre março e abril”, explicou. Ele afirmou ainda que está nos planos a introdução das espécies piau e pintado. O manejo dos peixes conta com a ajuda de sua esposa, bem como de um funcionário que alimenta os animais no tanque-rede.
Quem também está iniciando
uma pequena produção de peixes por meio do tanque bag fish é o coordenador de
uma unidade terapêutica pertencente à Comunidade Cristã Evangélica Rhema,
Domingos Ferreira de Souza, 54 anos. O local funciona na região Sul de Palmas e
atua na recuperação de dependentes químicos. A produção começou há cerca de
oito meses com a criação de 2.200 peixes e abastece o consumo da unidade, que
conta com um total de 25 homens acolhidos. Além disso, o excedente será
comercializado e a renda revertida para a manutenção da unidade.
“Estamos recebendo toda a
orientação necessária para ter êxito na produção, além da assistência que já é
dada na nossa horta e na criação de galinhas caipiras”, explica Souza.
Produção
na Capital
Basicamente, a piscicultura
em Palmas é desenvolvida em torno da produção de espécies em tanques-rede, bag
fish e tanques de ferrocimento. Também existe produção em tanques escavados,
mas que é dificultada durante o período de estiagem. A Seder orienta atualmente
cerca de 70 produtores.
Muitos piscicultores
organizam a produção para que a retirada coincida com a Semana Santa, em abril,
momento em que a venda do pescado tem expressivos resultados. Prova disso foram
os resultados obtidos em 2017. Nas sete feiras da cidade foram comercializados
319,400 mil quilos de peixe, o que rendeu mais de R$ 3 milhões em vendas. Sendo
que parte desse pescado foi advinda da produção local e a outra foi abastecida
por peixes originários de outros municípios do Tocantins.
O público rotativo na época
girou em torno de 60 mil pessoas, que gastaram uma média de R$ 50 por pessoa e
consumiram uma média de cinco quilos cada. O campeão de vendas foi a
caranha, espécie comumente comercializada em Palmas, junto com surubim,
pintado, tambaqui, piau e pirarucu.