Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural
Autor: Fernanda Mendonça | Publicado em 29 de agosto de 2019 às 16:05
Modalidade apresentada aos produtores das hortas de Palmas ajuda a driblar os danos durante o período chuvoso e do sol em excesso
No
penúltimo evento da programação do Agosto Verde 2019, dezenas de agricultores
urbanos de Palmas aprenderam as vantagens do cultivo protegido de hortaliças. A
parte teórica das orientações foi repassada durante palestra na Escola de Tempo
Integral (ETI) Almirante Tamandaré, na Arse 132, e a segunda parte contou com a
exemplificação das boas práticas usando como exemplo o que é feito na Horta
Comunitária da Arse 112. A realização do Agosto Verde é uma iniciativa da
Prefeitura de Palmas, sob comando da Secretária de Desenvolvimento Rural
(Seder) e parceiros.
Na
visão do secretário da Seder, Roberto Sahium, a agricultura familiar é
responsável pelo abastecimento de parte dos alimentos frescos que chegam até a
mesa dos palmenses. As hortaliças são o carro-chefe das hortas da Capital e
ajudam ainda mais a disseminar o conceito de agricultura urbana. "Palmas
possui um grande potencial. Trabalhos para que os números só cresçam e que as
famílias tenham toda a assistência necessária para o sucesso de seus
empreendimentos", explica o gestor.
O
diretor de assistência técnica da Seder, Bonfim dos Reis, iniciou a palestra
apresentando o Diagnóstico da Produção e Consumo de Hortaliças da Agricultura
Urbana e Cinturão Verde de Palmas, de 2016. Conforme dados da pesquisa, o
mercado local de folhosas é 100% atendido pela produção local com cebolinha,
coentro, couve, alface, rúcula e plantas medicinais. Um novo diagnóstico será
publicado no primeiro semestre de 2020.
O
número de pessoas que consomem hortaliças diariamente na Capital chega a 123
mil. A recomendação feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o
consumo de 400 gramas ou cinco porções diárias de hortaliças, mas apesar da
grande oferta desses produtos em Palmas, o consumo ainda é inadequado.
Reis
também lembrou que além do conhecimento técnico, os pequenos produtores podem
aumentar as possibilidades de escoamento dos alimentos com a formalização seja
via Microempreendedor Individual ou por meio de cooperativas. "Esse
caminho aumenta as possibilidade para a venda em grandes supermercados e
empresas de alimentação, locais que exigem a emissão de notas fiscais",
orienta.
Palmas
possui atualmente 22 hortas assistidas pela
Prefeitura de Palmas, por meio da Seder, e uma em fase de construção na Arso
131.
Produção em ambiente
protegido
O
professor-doutor da Universidade Federal do Tocantins (UFT), também
especialista em Agronomia, Ildon Rodrigues do Nascimento, ministrou palestras
sobre os conceitos, histórico e modalidades do uso do cultivo protegido; manejo
do solo e do ambiente; e as novas tendências do cultivo protegido e suas
aplicabilidades para as condições edafoclimáticas do Tocantins.
Segundo
ele, a maior parte do que é consumido no Tocantins vem de outras localidades,
mesmo com todo o potencial que o estado possui. "Temos que melhorar o
aspecto técnico para fazer a informação chegar aos produtores", informa.
Ainda
conforme Nascimento, um dos fatores que contribui para esse cenário é a
temperatura. "É preciso moldar a planta para que se desenvolva nas
condições climáticas do Tocantins", lembra ao elencar outro fator: o
mercado. "Tem que saber o que produzir e como produzir", explica o
professor.
Nascimento
informa que no mundo são mais de 4 milhões de hectares de cultivo protegido. No
Brasil os estados da região Sul são as maiores produtores nessa modalidade.
"As vantagens estão no controle do ambiente com várias safras por ano;
aumento da produtividade e qualidade; redução do ciclo da cultura; produção na
entressafra; redução no ataque de pragas e doenças; menos agrotóxicos e uso
eficiente de água", enaltece.
Dentre
as desvantagens estão o investimento inicial elevado para a construção dos
tuneis, telados, casa de vegetação e estufas agrícolas. A exigência do
conhecimento técnico e treinamento no manejo das estruturas e espécies é outro
gargalo. "A salinização do solo (excesso de adubo); as opções de rotação
de cultura; a falta de políticas públicas de incentivo e a aquisição de
substrato também são listados entre os problemas que os produtores poderão
enfrentar", enumera Nascimento.
Sobre
o cultivo protegido, o diretor de assistência técnica da Seder, Bonfim dos
Reis, explica que a instalação da casa
plástica com 10 metros de cumprimento e 10 de largura, custa em torno de mil
reais, incluindo a mão de obra, madeira (eucalipto tratado) e a lona agrícola
transparente de 150 micras (resistência do material). "Essa lona é mais
resistente ao sol e vento. A durabilidade é maior", garante.
Joaquim
Rocha Ferreira, de 61 anos, possui 14 canteiros na Horta Comunitária da Arse
112, e há dois anos instalou uma casa de vegetação em parte desses canteiros.
Segundo ele durante o período chuvoso a produção continua graças a proteção que
as plantas recebem. "Investi R$ 2 mil para construir e só tenho a
comemorar a rentabilidade obtida", enaltece. Os outros canteiros que
Ferreira possui também serão inseridos em uma casa de vegetação.
Maria
Oliveira, de 56 anos, cultiva alface, couve, cheiro verde, salsa e cebolinha na
Horta Comunitária da Arse 102 está bastante animada como tudo que aprendeu e
pretende instalar a cobertura para proteger as hortaliças dos seis canteiros
que estão sob seus cuidados.