Secretaria Municipal Extraordinária dos Jogos Indígenas
Autor: Andréia Rocha | Publicado em 29 de outubro de 2015 às 20:47
"No mundo ocidental, se você não
mostrar conhecimento é considerado 'atrasado'. Por isso, a literatura é
importante, porque ela serve para propagar o conhecimento e a História, também
no nosso meio", declarou o autor indígena Olívio Jekupe, que esteve à
frente de um diálogo realizado na Oca da Sabedoria, nesta quinta-feira, 29,
intitulado "Literatura e Comunicação Indígena".
Jekupe, que já escreveu 15 livros,
entre poemas e de literatura infanto-juvenil, destacou a importância do saber
entre seu povo. Para o autor, escrever livros é um exemplo de que o indígena
também possui habilidades com a linguagem. “Nós gostamos, por natureza, de
contar história e, por conta disso, podemos sim ser escritores”, frisou.
O diálogo debateu temas importantes
sobre a educação e cultura indígenas, dentro e fora das aldeias, como a escolha
de livros paradidáticos nas escolas e o preconceito, que, segundo Jekupe, está
presente também dentro das aldeias. “O indígena que sai do seu território para
ir à Cidade sofre preconceito duas vezes. Na Cidade, porque não é ‘branco’ e,
se voltar para Aldeia, também pode ser rejeitado, porque é tratado como
diferente”, ponderou o autor, que é da Aldeia Krukutu, no estado do Paraná.
Na roda de conversa, Jekupe também
abordou a questão dos direitos indígenas e reforçou a união como ferramenta de
superação. “Precisamos entender que quando a gente briga entre si, o Estado
gosta. Não interessa qual sua etnia, se tem sangue 100 % puro ou não. Para
vencer, precisamos nos unir com todos os nossos parentes”, disse.
Para Otto Mendez, do povo Maia da
Guatemala, ter livros de autores indígenas é importante para resgatar a cultura
e perpetuá-la. “Precisamos ter isso nas bibliotecas para todas as pessoas
conhecerem nossa história, tanto o ocidental como nossos próprios irmãos”,
declarou Mendez.