
Produção assistida muda realidade de produtores de soja no distrito de Buritirana
Produtores relembram lutas e celebram conquistas e expansão da produção do grão
A família Marasca está no Tocantins desde 1986. Há 32 anos, quando deixou Cruz Alta- Rio Grande do Sul, a soja começava a surgir em grande escala na região Sul do país. A família se estabeleceu na cidade de Goiatuba, no antigo Goiás, em 1982, e dedicou-se ao plantio de arroz em uma área arrendada de mil hectares.
Na bagagem, muita vontade de trabalhar.
No quinto ano de arrendamento, com o dinheiro fruto deste trabalho, eles
compraram a sede da fazenda Três Ranchos, em 11 hectares
desmatados, próximo ao Distrito de Buritirana. Durante
anos, a família sobreviveu do plantio alternado de
arroz sequeiro, capim e com o dinheiro adquirido investiu
na criação de gado. Mas somente a partir do ano de 2000 e
que resolveram investir definitivamente no plantio de soja na região.
A matriarca da família, Edela Marasca,
lembra com detalhes de todas as dificuldades encontradas quando vieram
para o Estado. “No ano de dois mil, com a chegada do asfalto até o
Distrito Taquaruçu, começamos a plantar soja, mesmo com a
falta de transporte, falta de asfalto, estradas ruins, falta de
telefone, não desistimos. Nós tínhamos que descer a serra com nosso
caminhão toco até Taquaruçu, para buscar o calcário e adubo”,
lembra.
Conquistas
A realidade hoje é outra. Da varanda da sede do escritório da fazenda, a dona Edela Marasca ao lado do filho Pedro Renato Marasca e do neto, Lucas Marasca, fala com orgulho das conquistas, e avanços, com o plantio de soja na região. “Hoje está muito mais fácil, temos tecnologias, estradas, asfalto, telefone móvel e uma grande variedade de sojas adaptadas ao cerrado e ao clima. A mudança foi realmente muito grande”, disse.
Atualmente a família planta soja em uma
área de 1.700 hectares, sendo que 95% da produção de soja é destinada a
exportação. No auge da safra, a fazenda ainda contrata prestadores
de serviços com locação de máquinas, tratores e colheitadeiras. Após a colheita
da soja, a produção é voltada para a safrinha de milho, milheto ou
sorgo.
Para a família Marasca, vários fatores
foram decisivos para o sucesso do empreendimento, dentre eles, o
apoio técnico do setor público. “Temos todo apoio da Prefeitura, como
a manutenção das estradas vicinais, orientação técnica
quando necessária, e acesso a projetos pilotos”, disse.
Edela não esconde a
felicidade de ter os filhos, Pedro Renato Marasca, Jeferson Luiz Marasca, Kisy
Marasca, Lucas Marasca, e o neto, Igor Marasca Moura, juntamente com o esposo,
Gilberto José Marasca, administrando e participando dos negócios da
família. “Passamos a vida toda aqui. Aqui é o melhor lugar do
mundo”, celebra.
O filho mais velho, Jeferson Luiz
Marasca, acredita que este ano, a produção tenha uma colheita bastante
promissora. “O clima se comportou de maneira favorável, o manejo foi
bom, espera-se chegar a uma média de até 60 sacadas por hectares na
produtividade”, antecipa.
Outro fator decisivo para o sucesso na colheita deste ano, segundo Luiz Marasca, foi o suporte recebido da Secretaria de Desenvolvimento Rural (Seder), na parte de tecnologia, com também a realização de vários eventos, como o Dia de Campo, sobre integração lavoura/pecuária, e aumento de produtividade.
Outro incentivo a todos os produtores foi o interesse de grandes empresas na compra da soja plantada na região, como a Bunge, Cargill, Agrex, dentre outras. “Também é importante destacar que a melhoria genética dos grãos tem garantido novos mercados, como o da China, uma das grandes compradoras da soja brasileira”, ressaltou.
Ao ser questionado se valeu a pena vir
para o Tocantins e investir em Palmas, o produtor de soja
foi bastante enfático. “Estamos vendo um processo
evolutivo, não só do cenário agrícola, bastante promissor”, destaca.
Assentamento P.A Sítio
No assentamento P.A Sítio, o produtor rural Paulo Cezar Gonçalves, com o seu filho, Zacarias Henrique, já se prepara para fazer a colheita da soja até o final deste mês de março, em seus 47 hectares de área plantada. “Este ano a chuva foi abençoada, estamos esperando uma média de 60 sacas por hectare”, disse.
Cezar ainda conta com a safrinha do
milheto, onde utilizada a palhada para ração animal,
e garante que a soja, é um ótimo investimento. “A soja é um mercado
garantido. É dinheiro no bolso”, finalizou.
Apoio técnico
A Prefeitura de Palmas, por meio da Seder, oferece apoio técnico a 11 produtores de Palmas. No Distrito de Buritirana foi necessário abrir uma nova saída para evitar o trânsito de veículo dentro do Distrito e garantir o escoamento da produção.
De acordo com o técnico em
agropecuária, Cid Biavatti, a participação do município é permanente, principalmente
nesta época da colheita da soja. “Fornecemos a
infraestrutura para escoamento da produção, com a manutenção das estradas
vicinais trafegáveis, principalmente nesta época chuvosa que coincide com a
colheita da soja”, destacou.
Há destaque ainda para o programa de Distribuição de Calcário para pequenos e médios produtores, em duas modalidades. “Uma modalidade é pelo convênio com o Ministério da Agricultura onde é fornecido o calcário sem custo para o produtor, e a outra modalidade é dentro do Programa do Calcário da própria Seder, em que é fornecido o transporte do calcário da mineradora até a propriedade do produtor”, ressalta Biavatti.
Paralelo a isso, a Seder ainda
fornece a análise do solo, reduzindo em 50% o custo,
onde o produtor paga somente 50% da análise, e
recebe a análise com a interpretação já direcionada para cultura que
deseja ser plantada.
Aumento na produção
A produção agrícola em Palmas tem registrado crescimento nos últimos anos, com destaque para a soja, cuja safra 2016/2017 chegou a 71.056 toneladas de grão ante 26.400 em 2012/2013, um aumento de 269,1%. Já a produtividade cresceu 6,06%, saindo dos 3,30 quilos por hectare em 2013 para 3,50 no mesmo período. O mesmo com a área plantada, que saiu dos 8 mil hectares para 20.390 hectares.
De acordo com o IBGE, a área plantada em hectares no município de Palmas no ano de 2016, correspondeu a 9.750 hectares, correspondendo a 64.57% do percentual geral. Já a área colhida por hectares na produção agrícola municipal no ano de 2016, correspondeu a 9.250 Toneladas, equivalente a 63,46% do percentual geral.
Em 2016, o município de Palmas atingiu 25.789 toneladas de soja, com rendimento médio da produção 2.788 quilogramas por hectares.
Este ano a safra 2017/2018, de
produção de soja é estimada em 80 mil toneladas de soja e outras 20
mil toneladas de milho em Buritirana.