
Produção de mandioca em Palmas cresce e garante mercado interno
Alimento é um dos mais consumidos e possui importantes componentes para a saúde; num período de cinco anos, cultivo em Palmas cresceu 3000%
Mandioca, aipi, aipim,
castelinha, uaipi, macaxeira, mandioca-doce, mandioca-mansa, maniva, maniveira,
mandioca-brava e mandioca-amarga são alguns dos nomes dados a uma das raízes mais
consumidas em todo o mundo que, para os tocantinenses, tem simplesmente o nome
de mandioca. Ela é importante para a economia palmense, onde a safra 2016/2017
chegou a nove mil toneladas. Números expressivos se comparados às 300 toneladas
da safra 2012/2013, um aumento de 3000%. Já a produtividade cresceu 150%,
saindo dos seis quilos por hectare em 2013 para 15 hectares no mesmo período.
Os dados são fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) e Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Conforme o secretário
Municipal de Desenvolvimento Rural (Seder), Roberto Sahium, a área plantada
também cresceu. “A área plantada também cresceu nos últimos cinco anos. Em 2013
foram 50 hectares e em 2017 passou para 600”, informou o secretário.
O gestor lembra as vantagens
do cultivo deste tubérculo, mencionando que a mandioca possui uma série de
atrativos, além das propriedades alimentares, seu manejo é simples,
principalmente pelo fato de que usa-se a maniva, caule do pé de mandioca, para
o plantio, bem como da forte resistência ao clima mais seco.
O engenheiro agrônomo da
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural (Seder), Roberto Campos, explica
que basicamente são classificadas em dois tipos: a de mesa e indústria. “As
doces ou de mesa são normalmente utilizadas para consumo fresco de humanos e
animais. Já no caso das mandiocas bravas ou amargas, são preferencialmente
utilizadas pela indústria que faz o processamento para produção de farinha e
fécula”, detalha Campos.
Agricultura
familiar
Pensando nessas facilidades
é que o produtor Antônio de Pádua Teixeira, 65 anos, planta anualmente dois
alqueires, que correspondem na região Norte do país a 2,72 hectares. Residente
há 10 anos no Projeto de Assentamento Sítio (PA Sítio), na região de
Buritirana, ele conta com a ajuda da família para tocar a produção, bem como o
apoio técnico fornecido pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural
(Seder). “Os técnicos me ajudam na preparação do solo, plantio, colheita e
comercialização. Recebo importantes orientações para tornar meu negócio ainda mais
rentável”, explica o agricultor.
Com a proximidade de
novembro e do início do período chuvoso em Palmas, Teixeira já prepara a terra
para o cultivo da nova leva de mandiocas. “Tudo hoje é feito de forma
mecanizada, desde o nivelamento do solo até o plantio com a plantadeira”,
informa.
As variedades escolhidas por
Teixeira são a Castelão, IAC 14 e a Tailandesa, que foram selecionadas a dedo
pela qualidade e resistência ao clima do cerrado. “São variedades bem aceitas
no mercado, principalmente pela facilidade no preparo como alimento”,
garante.
Em março acontece a primeira
poda das plantas, quando atingem cerca de três metros. “Em maio a raiz já está
no tamanho ideal para ser extraída e nisso faço o processamento para venda em
feiras de Palmas e região, consumo na minha casa e também para alimentar os
porcos e galinhas que crio”. A mandioca também é destinada à fabricação de
farinha, alimento muito apreciado na região. “No assentamento temos uma casa de
farinha com capacidade para produção de dez sacos por dia”.
A expectativa do produtor é
colher 15 toneladas de mandioca por hectare, o que deve render a ele ao final
um lucro estimado do R$ 10 mil. Questionado sobre a escolha pelo cultivo da
mandioca, Teixeira destaca ser algo cultural. “Vim de uma família de
agricultores. Aprendi com meu pai na cidade de Parnaíba, no Piauí, a
importância da valorização das tradições do campo e principalmente dos
alimentos característicos do Nordeste”, finaliza Teixeira.
Quem também aposta no
cultivo da mandioca como fonte de renda é Cleiton Ramos, de 45 anos, assentado
no PA Sítio há oito anos. “Costumo plantar mandioca em uma área de um hectare,
mas para este ano já estou preparando o solo para dobrar a produção”, aponta
Ramos, que também cultiva melancia e verduras, cria porcos e galinhas.
“Minha família é essencial
nesse processo para tocar minha roça. Além dos irmãos que reforçam o time,
quando necessário, também emprego terceiros que ajudam nesse processo”,
comenta. E assim como Antônio Teixeira, o escoamento da produção de Campos
conta com da mandioca para feirantes e para fabricação de farinha. “Com a
expansão da área plantada pretendo melhorar meu lucro, que por enquanto não
está no patamar que almejo”, finaliza.
Benefícios
para a saúde
Rica em carboidratos,
fibras, vitaminas e minerais, a sua importância nutricional é tanta que foi
eleita pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO),
como o alimento do século 21. Ainda conforme a FAO, a mandioca é plantada em
mais de 100 países e está presente na alimentação de mais de 700 milhões de
pessoas nos países em desenvolvimento.
Dados do IBGE divulgados
neste ano apontam que a produção de mandioca aumentou 182,3% entre 2005 e 2015.
Quanto à produção, o Brasil é o segundo maior produtor mundial, tendo
registrado aumento de 255% nas exportações entre 2013 e 2016.
A mandioca pode ser
consumida em sua totalidade na forma cozida, frita ou processada, quando se
transforma na famosa farinha ou ainda como fécula, conhecido como polvilho. “A
mandioca pode ser combinada com diversos pratos e seu uso vai depender da
criatividade de quem prepará-la”, explicou a nutricionista Bárbara Paixão de
Gois Fayad.
Sobre os benefícios, a
nutricionista garante que o destaque vai para as propriedades antioxidantes
graças a vitaminas C e K. “Além de ser uma excelente fonte de energia, podendo
substituir o arroz, o macarrão e a batata como fonte principal de carboidrato
nas refeições. As fibras presentes na mandioca ajudam a aumentar a saciedade,
reduzem o seu índice glicêmico e ainda regulam o intestino”, pontua a
nutricionista.
Quanto à indicação para
consumo, Bárbara destaca que pode ser consumida por diabéticos, sendo também
uma ótima opção para os praticantes de atividade física, “pois fornece uma
grande quantidade de energia, cerca de 173 quilocalorias em uma porção de 100
gramas”, diz.