Saúde de Palmas faz alerta sobre os danos causados pelo hábito de chupar dedo e chupeta

Secretaria Municipal da Saúde

Autor: Redação Semus | Publicado em 15 de março de 2022 às 17:06

Orientação aos pais é que corrijam os filhos tão logo percebam a prática

Ao contrário do que se costuma acreditar, os danos causados pela sucção prolongada de dedo ou da chupeta são bem semelhantes. A observação é da odontopediatra Luciana Marquez, que atua no Centro de Especialidades de Odontologicas (CEO) da Secretaria Municipal da Saúde (Semus) de Palmas.

Luciana e os colegas que atuam na saúde bucal da Semus orientam os pais a corrigirem o quanto antes o hábito que, geralmente, tem início nos primeiros meses de vida do bebê. Conforme a odontopediatra, a prática pode trazer danos à saúde bucal da criança e que o maior peso é a amamentação no peito, que é uma ortodontia natural.

Conforme Luciana Marquez, chupar o dedo pode afetar o desenvolvimento das estruturas ósseas da boca e dos dentes, causando um desalinhamento da dentição decídua (conhecida como dentes de leite) e permanente, o que faz com que a correção ortodôntica, por meio do aparelho, seja ainda mais necessária para reverter esse problema. Além disso, a prática também pode trazer prejuízos para a fala, mastigação e respiração.

A engenheira civil, Amanda Rosa Lena, conta que desde quando a filha caçula estava sendo gerada na sua barriga, já tinha registros nas imagens de ultrassom do dedinho dela na boca. Amanda relata que a pequena Clara Barreto Lena, hoje com 8 anos, nasceu muito nervosa e chorava 24 horas. Segundo a mãe, com três meses de idade ela conseguiu levar a boca até o dedinho e começou a chupar. Ela se acalmava muito chupando o dedo, e até dormia sozinha sempre”, relembra.

Em conversa com a pediatra da filha, a mãe procurou saber dos problemas que Clara poderia ter com o hábito de chupar o dedo, pois ela se recusou a usar a chupeta e preferiu continuar com o dedinho. “Não tive coragem de fazer nada para prender a mão dela e impedir de chupar o dedo. Já sei que ela vai precisar usar aparelho para corrigir a deformação na arcada e um afundamento no céu da boca, tudo por chupar dedo. Mas como Clara é uma criança mais nervosa, o dedo acaba ajudando a acalmar”, relata a mãe.

A especialista explica que a sucção do dedo, contudo, se assemelha mais ao peito por ser intracorpórea, ter calor, odor e consistência mais parecidos com o do mamilo e pelo fato de ficar praticamente na mesma posição do bico do peito dentro da cavidade bucal (próximo ao ponto de sucção, no fundo da boca). “A língua vem para a frente durante a sua sucção, como acontece com o mamilo na ordenha do peito materno e o padrão de respiração nasal é mantido”, descreve a profissional. 

Luciana Marquez orienta que não adianta substituir o dedo pela chupeta, pois o bebê chupa o dedo desde a barriga e, durante o seu desenvolvimento, especialmente nos períodos de desconforto e irritação provocados pela erupção dentária (que inicia a partir dos 4-6 meses até em torno dos 3 anos, quando a dentição decídua está completa), é normal que ele leve um ou mais dedos à boca. “Nessa fase devemos proporcionar variedade de estímulos, como alimentos de consistência dura, mordedores, além de brincadeiras diversas, atenção, carinho, paciência e peito; a fim de que o hábito cesse espontaneamente”, aconselha.

A persistência da sucção de dedo não é frequente em crianças bem amamentadas. Mais de 80% das crianças que recebem aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida não apresentam estes hábitos. “A orientação e apoio para retirar hábitos bucais deletérios de forma tranquila e sem traumas deve ser feita por uma odontopediatra”, diz a profissional.